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Davi Braga chegou a ter três funcionários no List It, mas hoje trabalha sozinho. Fechou a temporada escolar 2016/2017 em R$ 600 mil de faturamento. Para o próximo ano, ele acredita que pode passar de R$ 1 milhão. | Divulgação
Davi Braga chegou a ter três funcionários no List It, mas hoje trabalha sozinho. Fechou a temporada escolar 2016/2017 em R$ 600 mil de faturamento. Para o próximo ano, ele acredita que pode passar de R$ 1 milhão.| Foto: Divulgação

Davi Braga tinha 13 anos quando criou sua primeira startup. Com 14, ficou "famoso", depois que gente do Brasil todo assistiu à sua palestra no TEDx. Hoje, aos 16, sua empresa fatura R$ 600 mil anuais. Para este ano, a meta é quase dobrar este valor.

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Quem acha que Davi começou muito cedo, aos 13, devia ler o que ele escreveu no caderno da escola, na primeira série. A turma estava aprendendo a ler, e cada aluno tinha de escrever um pequena autobiografia.

Adoro tomar banho de piscina e sou uma criança muito feliz e quando eu crescer eu quero ser empresário igual ao meu pai

"Empresário igual o pai". Mais do que uma simples identificação infantil, a resposta tem a ver com a educação "empreendedora" que os Braga receberam.

Nem Davi nem os irmãos nunca receberam mesada. "Meu pai não gostava da ideia de uma renda fixa", contou, em conversa com a Gazeta do Povo. Sempre que queriam algo, tinham de fazer algo por merecer. "Para aprender a importância do dinheiro".

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Essa trajetória ele conta em seu primeiro livro, recém-lançado. Empreender grande, desde pequeno é como um Diário de um Banana dos negócios: traz um texto leve (mas não bobo), é ilustrado imagens que parecem ter sido das folhas de um caderno escolar, e conta com espaço para interação do leitor.

Uma leitura que pretende atingir desde uma criança de 10 anos até um profissional já experimentado. Davi quer atingir a todos. Mas não esconde uma preferência pelos leitores jovens.

Quando eu comecei a empreender eu não tinha a quem seguir, um marco, um jovem da minha idade que tinha atingido o que eu queria atingir. Então eu tive quer ir pisando em ovos. Mas se eu tivesse lido um livro desses lá com 10 anos, eu teria muito mais, hoje.

Naquela época, ele já empreendia. Vendia coisas na escola (como no caso dos cupcakes e bolos feitos por sua irmã mais nova, Maria). Só com 13 foi criar a List It, que agrega a venda de materiais escolares com base nas listas fornecidas pelas escolas.

Carreira “ao contrário”

"Veja o que este menino de 13 anos tem a dizer sobre empreendedorismo!!!!!"

Sites e blogs especializados traziam esta notícia, em 2015, quando o vídeo de Davi (zinho) começou a circular pela internet. Também pudera. Era um rapazote de gel no cabelo, com uma fala articulada de showman, falando sobre sua carreira, e ensinando os "segredos da felicidade".

O vídeo fala por si só:

Só que tinha um problema. A List It já existia, naquela época. Mas estava apenas começando. O sucesso do momento tinha mais relação com o carisma do garoto, do que com a sua competência enquanto empreendedor. Seu desafio era provar esta última parte.

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Até que deu certo. O List It, que começou em Maceió, hoje está em 60 cidades. O único investidor externo foi o pai de Davi, que deu um cheque de R$ 5 mil depois que ele apresentou um pitch do negócio. De lá para cá, tudo que foi investido foi arrecadado pela própria plataforma.

Davi chegou a ter três funcionários, mas hoje trabalha sozinho. No ano passado ele automatizou o processo e aplicou um modelo de correspondentes. Fechou a temporada escolar 2016/2017 em R$ 600 mil de faturamento. Para o próximo ano, com os correspondentes já treinados e adaptados, ele acredita que pode passar de R$ 1 milhão. Os dados foram informados à Gazeta do Povo pelo próprio Davi.

"Perdi minha infância"

Das críticas que Davi sempre recebe, uma delas é a de que ele perdeu sua infância e adolescência empreendendo. É um estigma que ele conhece bem, e nega com veemência. Mostrar que ele é um garoto normal, inclusive, é um dos objetivos do seu livro.

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Ele jura que joga bola, namora, sai com os amigos. Tudo normalmente. Empreende não por uma obrigação familiar, mas por um gosto pessoal.

"Empreender pode divertir e causar prazer, porque você investe no que gosta de fazer e ainda ajuda milhares de pessoas a mudarem de vida. E ganha dinheiro com isso, tem coisa melhor?"

"Fora, escola"

Ano que vem, o garoto Davi completa 17 anos. E enfim finaliza o ensino médio, coisa que foi exigência de sua mãe. Por muitos anos, ele viu pouco sentido em frequentar o ambiente escolar, já que suas iniciativas empreendedoras não eram bem recebidas (ou até mal recebidas) por lá, diz ele.

Foi aí que se tornou um "ativista" por uma nova educação. "Quero mostrar para os jovens que a gente precisa abrir os olhos para novas possibilidades. Porque hoje não precisa existir só um formato [de fazer faculdade e trabalhar]. Há novos modelos, como empreender, ser feliz na área em que você quer atuar. Mas, no nosso sistema atual do Brasil, o cara que empreende ainda é visto como louco".

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Para aguentar o longo período escolar, ele resolveu encarar a rotina como mais um dos desafios que precisa enfrentar, como empreendedor. Ele também aprendeu a ver valor nos conteúdos mais "teóricos". Mas prefere, de longe, o que é prático e aplicável no dia a dia.

Para o futuro, seu plano é fazer faculdade, sim. Novamente, parte das exigências da mãe. Mas ele não tem nada em vista no Brasil. Quer seguir um curso que ensine sobre empreendedorismo ou business. "Stanford é meu sonho". A universidade é uma das bases da comunidade de startups do Vale do Silício, nos EUA.

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