Apenas 12,8% dos empresários que solicitaram tiveram acesso aos programas do governo para enfrentar a crise econômica provocada pela pandemia.| Foto: Lineu Filho /Tribuna do Paraná
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Pesquisa do IBGE divulgada nesta terça-feira (18) confirma o que empresários repetem há meses: as linhas de crédito emergencial não estão chegando na ponta. Apenas 12,8% das empresas tiveram acesso aos programas do governo para enfrentar a crise econômica provocada pela pandemia, de acordo com o levantamento Pulso Empresa.

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O dado, porém, se refere à primeira quinzena de julho e pode mostrar um cenário desatualizado, já que naqueles dias estavam começando a chegar aos bancos – e de lá para as empresas – os R$ 18,7 bilhões do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). O dinheiro se esgotou em 20 dias, o que revelou a grande necessidade de crédito por parte dos pequenos empresários e a agilidade do programa, que deslanchou após um início mais lento.

Os resultados do levantamento do IBGE não diferem muito de outra pesquisa realizada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) entre 27 e 30 de julho e também divulgada nesta terça (18). O estudo mostra que 54% das mais de 6 mil empresas buscaram linhas de crédito na pandemia, mas apenas 21% delas conseguiram. Ao todo, só 11% dos empresários tiveram acesso a dinheiro emprestado.

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"Há uma demanda ainda não satisfeita. É uma situação muito preocupante. Como o futuro é incerto, apesar dos sinais de melhora, isso ainda está impactando as avaliações de risco dos bancos [para concessão dos empréstimos]", afirma o executivo do Sebrae, Giovani Bevilaqua.

A entidade mapeou 183 linhas de créditos disponíveis não só nos grandes bancos, mas também em cooperativas, agências de fomento e fintechs. "Identificamos que boa parte do crédito está sendo buscado nos grandes bancos, mas há um conjunto muito grande de outras instituições financeiras que estão tendo maior taxa de aprovação [dos empréstimos]. A minha orientação é que os empresários busquem linhas de crédito nessas instituições", diz Bevilaqua.

A expectativa agora é que a segunda tranche do Pronampe traga alívio a mais empresários. Diante do sucesso do programa, o Congresso aprovou em 30 de julho a ampliação do Pronampe, por meio da injeção de mais R$ 12 bilhões oriundos do Programa Emergencial de Suporte a Emprego (Pese), uma outra linha de crédito, que teve desempenho abaixo das expectativas. O prazo para a sanção da medida provisória por Bolsonaro termina nesta quarta-feira (19). Caso o presidente não sancione o projeto, ele será considerado sancionado tacitamente, e entrará em vigor.

Dos R$ 76 bilhões prometidos pelo governo às pequenas empresas em várias linhas de crédito, apenas R$ 36 bilhões foram emprestados até 12 de agosto, de acordo com o número mais recente do Ministério da Economia. Os restantes R$ 40 bilhões continuam empoçados. A Fundação Getulio Vargas (FGV) estima que faltam R$ 200 bilhões para que os pequenos empresários atravessem a pandemia.

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“Infelizmente vou ter que demitir. A situação é caótica, quatro meses com a empresa fechada. Busquei o Pronampe pela necessidade diante da pandemia, com todos os requisitos preenchidos, mas tive o pedido negado na Caixa e no Itaú”, conta Danes Silva de Sousa, proprietário da Ade Confecção, empresa de Campinas (SP) com menos de dez funcionários.

O IBGE estima que 37,6% das 2,8 milhões de empresas em funcionamento adiaram o pagamento de impostos e quase 45% tiveram seu negócio afetado. As empresas do setor de serviços foram as que mais sentiram impactos negativos (47%), seguidas por comércio (44%) e indústria (43%). Apenas 35% dos empresários se sentem apoiados pelo governo. Apesar das dificuldades, mais de 80% das empresas mantiveram o quadro de funcionários, segundo a pesquisa.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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