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Um número crescente de empresas e profissionais brasileiros está descobrindo um novo significado para a palavra "exportação". Em vez de definir apenas a venda de produtos nacionais a outros países, a expressão tem sido cada vez mais usada para definir a prestação de serviços para clientes estrangeiros. Tal atividade rendeu no ano passado US$ 14,9 bilhões – ou 12,6% do total de vendas externas do Brasil. Empresas paranaenses de setores como a construção civil e o desenvolvimento de softwares estão pegando carona nesse filão.

Apesar de a balança comercial de serviços ser deficitária (em 2005 foram importados US$ 22,3 bilhões), as exportações desse tipo estão em alta. Em 2005, o aumento foi de 28% – o sétimo maior do mundo – e serviços específicos como instalação e manutenção de escritórios, projetos de arquitetura e engenharia já são superavitários.

Está se dando bem nesse segmento quem tem bom faro,viaja e estuda muito antes de fechar um negócio. Foi o caso da curitibana Consilux, que é mais conhecida como a empresa que fornece os radares de trânsito operados pela prefeitura de Curitiba. Em 2004, na Venezuela, o presidente da empresa, Aldo Vendramin, ouviu um discurso de Hugo Chávez, em que ele detalhava suas propostas para o desenvolvimento de regiões pobres do país.

Uma das idéias chamou sua atenção: os "pólos de desenvolvimento endógenos", espaços que integrariam moradia popular, comércio, biblioteca, posto policial e de saúde.

Foi a deixa para o empresário elaborar um projeto nesses moldes. Com o documento em mãos, o contrato não demorou para sair, e até o ano que vem a Consilux terá erguido 7 mil casas populares em sete regiões da Venezuela, por R$ 216 milhões. Outro contrato prevê a instalação de infra-estrutura elétrica e de trânsito pelo valor de R$ 53 milhões. "A Venezuela é um país rico mas carente", explica Vendramin. Para coordenar as prestadoras de serviço venezuelanas, a Consilux enviou 43 brasileiros ao país vizinho.

Uma parte do faturamento das empresas que exportam seus serviços não pode ser contabilizada, pois vem com a experiência adquirida em outras culturas. Depois de projetar a expansão de um shopping center no Paraguai, o arquiteto Manoel Dória se sente mais "dono" daquilo que projeta no Brasil. "No Paraguai o arquiteto assina a obra, o que aqui é feito por engenheiro", conta. "Isso me fez valorizar meu trabalho."

A indústria nacional também ganhou com o aprendizado trazido pela realização de obras em outros países, como o Iraque, onde as construtoras nacionais têm forte histórico. As viagens fomentaram a exportação de serviços de educação para os filhos dos funcionários – trabalho que o grupo Positivo, por exemplo, presta a filhos de brasileiros emigrados nos Estados Unidos e no Japão.

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