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O fato de a Petrobras tomar empréstimos na Caixa Econômica Federal (CEF) e no Banco do Brasil (BB) para capital de giro e para pagar impostos "não é corriqueiro nem normal", afirmou nesta quarta-feira o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), contestando versão de porta-vozes do governo de que a operação não constitui novidade.

Em aparte feito a um discurso do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) quando este lia nota da Petrobras sobre o assunto, Jereissati afirmou que o maior devedor da Caixa, hoje, é o governo federal, com uma dívida de R$ 700 milhões. Mesmo assim, segundo o senador a Caixa fez um empréstimo de R$ 2 bilhões à Petrobras, o que foi "um equívoco". Segundo ele, trata-se da primeira vez que acontece uma operação desse tipo.

Jereissati considerou "estranho" o governo afirmar que não há crédito para a Petrobras no exterior e que foi por isso que a estatal petrolífera recorreu à Caixa. "A Petrobras e a Vale são empresas maiores, que têm crédito aqui e lá fora. Tudo leva a crer que, além do problema de liquidez, a Petrobras está com problema de caixa", declarou o senador cearense.

Segundo ele, o empréstimo de R$ 2 bilhões tomado pela Petrobras na Caixa e o de R$ 751 milhões no Banco do Brasil são para capital de giro e não para investimento. "Ou seja, a Petrobras precisou de socorro, porque estava sem o crédito de R$ 2 bilhões para pagar o seu feijão-com-arroz", avaliou o senador. Ele disse que o juro cobrado pela Caixa foi de 1,2%. Apesar da nota divulgada pela Petrobras e das declarações feitas por autoridades do governo, ainda não foi esclarecido qual a fonte de recursos da Caixa e do BB para fazer os empréstimos à Petrobras. Jereissati disse ainda ter informações de que a Petrobras está com pagamentos atrasados a dois fornecedores.

No primeiro semestre deste ano, a Caixa emprestou R$ 7,5 bilhões para os mais diversos setores, segundo o senador, e agora esse crédito para a Petrobras equivale a quase 30% do que a Caixa emprestou em todo o período.

O senador, ao cobrar mais esclarecimentos do governo sobre o empréstimo da CEF, disse que o custo da operação foi de "104% dos CDIs (Certificados de Depósito Interbancário)" da instituição e que esse tipo de operação, quando feito por outros bancos para a Petrobras, não sai por menos de 120% do CDI. Isso significa, segundo Jereissati, que a Caixa emprestou à Petrobras a um custo equivalente ou até inferior ao custo de captação da própria Caixa no mercado.

Ao comparar os dois balanços mais recentes da Petrobras - de 30 de junho e 30 de setembro - o senador afirmou que o ativo circulante da estatal (o que ela tem a receber no curto prazo) caiu de R$ 59,6 bilhões para R$ 57,6 bilhões. Nesse mesmo período, disse o senador, o passivo circulante da Petrobras (o que a empresa tem a pagar no curto prazo) aumentou em R$ 12 bilhões, atingindo, ao final do terceiro trimestre de 2008, R$ 92,9 bilhões, o que, segundo ele, significa um grave problema de liquidez.

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