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Nos últimos dias, o governo reduziu sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro para 2%. O que já seria muito bom, dado que a expectativa média do mercado caiu para apenas 0,01%. Mas, a julgar pela opinião de corretoras que participam da Expo Money Curitiba 2009, essas previsões estão otimistas demais – e o mais provável é que a economia se retraia até 1% neste ano.

"Para o PIB crescer, teríamos que recuperar tudo o que se perdeu [desde o início do ano] e ainda superar um pouco o ano de 2008", apontou o economista Arthur Carvalho, da corretora Ativa, para quem a economia vai recuar 1%. Segundo ele, o desempenho da produção industrial será ainda pior que o do PIB: vai cair 4,4% em relação a 2008. "Ela cairá mais do que o consumo doméstico porque as indústrias também dependem de exportação. E o resto do mundo está muito pior que o Brasil. As exportações brasileiras já estão caindo quase 30%."

Ligeiramente mais otimista, Denis Blum, da Bradesco Corretora, prevê que a economia vai encolher 0,8% neste ano. "O principal ajuste já foi feito na indústria. Mas ainda haverá efeitos secundários nos demais setores. A inadimplência e o desemprego continuarão subindo, e a economia nacional terá de se ajustar a um mundo com menos dinheiro."

Os dois economistas afirmaram que a inflação já não é mais um problema crucial. Portanto, avaliam que o Banco Central ainda tem grande espaço para reduzir a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 11,25% ao ano. "Até julho, a Selic deve cair para 9,25% ao ano. Ou seja, será de apenas um dígito pela primeira vez na história", disse Carvalho, da Ativa. Para o economista, o dólar chegará ao fim do ano valendo algo próximo de R$ 2,30.

Pacote controverso

Com opiniões muito semelhantes sobre os rumos da economia brasileira, os dois economistas discordaram radicalmente em suas avaliações sobre o pacote de salvamento dos bancos detalhado nesta semana pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Para Carvalho, o pacote "é o primeiro sinal de que os EUA podem estar em uma trajetória de recuperação". "Mesmo assim, não me sinto confortável para dizer que a recessão dos EUA vai acabar no segundo semestre de 2010."

Blum, da Bradesco, crê que as medidas de Obama podem até ajudar a economia no curto prazo, mas acabarão por adiar o "imprescindível ajuste pelo qual o mercado tem que passar". "O governo norte-americano está tentando apagar uma fogueira com gasolina. Para resolver uma crise de endividamento, está imprimindo moeda, baixando os juros a quase zero, estimulando as pessoas a gastar mais, a se endividar mais. Está apostando em ideias como criar ‘bad banks’ [bancos ruins], que absorveriam dívidas de pagamento duvidoso. Transferir empréstimos podres não reduz o endividamento, não acaba com a inadimplência. Os inadimplentes continuarão inadimplentes", alertou o economista"

Blum defende que, em vez de lutar contra a deflação, os EUA têm de permitir que os preços caiam, e estimular a poupança – e não o consumo. Ele reconhece que esse processo será "muito penoso", e que "grandes perdas são inevitáveis". Mas afirma que, se as pessoas não voltarem a poupar, estarão apenas empurrando a crise mais para a frente. E, quem sabe, estimulando novas bolhas.

Serviço:

A 4ª Expo Money Curitiba continua hoje, das 13 h às 21h30 no Expo Unimed Curitiba (Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300, Campo Comprido). A inscrição é gratuita e pode ser feita no site www.expomoney.com.br/09_cwb. Acompanhe a cobertura no link www.twitter.com/gazetaeco

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