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Para Denis Blum, da Bradesco Corretora, governo dos EUA está tentando apagar um incêndio com gasolina: “Transferir empréstimos podres não reduz o endividamento, não acaba com a inadimplência” | Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo
Para Denis Blum, da Bradesco Corretora, governo dos EUA está tentando apagar um incêndio com gasolina: “Transferir empréstimos podres não reduz o endividamento, não acaba com a inadimplência”| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Um stop emocional

A psicanalista Márcia Tolotti sugere 4 pontos (S, T, O, P) a serem trabalhados para administrar as finanças.

S = Supere bloqueios

O bloqueio, diz ela, é o que atrapalha uma gestão financeira adequada. Tem a ver com a relação com que cada pessoa tem com seu dinheiro. "Por exemplo, por que eu não me desfiz de um papel na hora em que racionalmente eu deveria ter me desfeito? Se eu não consigo lidar com minha decisão equivocada, eu vou ter que me analisar."

T = Transforme perdas em ganhos

"Isso é lindo de falar e dificílimo de fazer", diz Márcia. Esse é o momento em que você tem que saber admitir quando errou, para corrigir as estratégias a tempo.

O = Organize suas finanças

Anote gastos, faça planilhas, participe de cursos, leia livros, capacite a sua gestão financeira.

P = Priorize bons investimentos

Não fique preso a uma relação financeira que não é boa. Segundo Márcia, priorizar bons investimentos envolve também "abrir o portfólio afetivo". "Eu sou um grande investidor se eu sei ganhar dinheiro e se eu sei me relacionar bem com minha família e com a sociedade", diz.

Investidor que se preze precisa saber usar o recurso da "ordem stop", o jargão usado para definir o mecanismo financeiro que limita perdas e ganhos. Essa necessidade não serve só para se proteger de eventuais quedas das ações. "É preciso trazer o conceito de ordem stop para a minha gestão, para a minha volatilidade emocional", sugere a psicanalista Márcia Tolotti, que ministrou ontem, durante a Expo Money, a palestra "Finanças e emoções: a importância da ordem stop". Para ela, antes de investir a pessoa precisa tentar descobrir como suas emoções interferem na gestão de suas finanças. "Na hora de tomar a decisão de investir, a intensidade da emoção varia de pessoa para pessoa. Mas para todas, em grau maior ou menor, sempre há uma interferência emocional".

Pedro de Oliveira Franco, diretor da corretora curitibana Oliveira Franco, faz coro com Márcia. "Desequilíbrio emocional atrapalha de fato a tomada de decisões. A pessoa tem que procurar operar com frieza no mercado. Mas não é fácil", afirma. Em sua palestra "Análise e gestão de carteiras sob o efeito da crise", ele destacou que o investidor precisa, antes de mais nada, traçar uma estratégia, e então ser fiel a ela. "Mas o mercado muda e as pessoas são muito tentadas a mudar de estratégia. Isso não é nada bom."

Para Márcia Tolotti, é fazendo um exercício de autoconhecimento que as pessoas podem identificar onde é que desrespeitam a própria estratégia. E isso, segundo ela, tem muito a ver com a relação que elas têm com o dinheiro e com o mercado. "Por exemplo, eu sei que eu seguro o papel quando eu me sinto inseguro? Ou eu vendo sempre que há qualquer turbulência? Eu preciso gastar tempo não só no estudo das finanças mas também nesse autoconhecimento. Parece que as pessoas não se apegam a uma posição do papel, mas sim a uma posição mental."

Na palestra, Márcia dividiu em quatro pontos as lições a serem aprendidas pelos investidores para tentar controlar suas emoções na hora de tomar decisões (veja quadro ao lado). A recente crise dos mercados, para ela, serviu de aprendizado para muitos. "O ponto positivo é que as pessoas estão com uma capacidade maior de comprovar tudo o que os economistas sempre recomendaram. A crise só prova que a gente tem que fazer a lição de casa."

Uma recomendação de Oliveira Franco é ser cauteloso nas estratégias traçadas. "Isso significa operar com pouca alavancagem. É não avançar o sinal, não vender o carro, a casa ou fazer empréstimo em banco para comprar ações. E lembrar que o investimento é sempre de longo prazo", sugere. E, principalmente, observar os fundamentos das empresas em que você está investindo. "Se proteger hoje é comprar ativos de boa qualidade. Se você observar os fundamentos da empresas você aumenta as garantias de estar fazendo um bom investimento."

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