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Professor Silvio da Costa, da UEM, no núcleo de estudos da universidade | Fotos: Fabio Dias Gazeta Maringá
Professor Silvio da Costa, da UEM, no núcleo de estudos da universidade| Foto: Fotos: Fabio Dias Gazeta Maringá

Pesquisa

UEM cria nova variedade

A Universidade Estadual de Maringá (UEM) deve lançar até março deste ano uma nova variedade da estévia. Trata-se da M1Alvarez, que promete incentivar o cultivo da planta em pequenas propriedades. Segundo o coordenador do Núcleo de Estudos em Produtos Naturais (Nepron) da instituição, Silvio Cláudio da Costa, a planta desenvolvida em Maringá pode ser replicada por sementes. "Atualmente, a maioria das variedades existentes precisam ser multiplicadas pelo processo de clonagem, um trabalho bem mais caro e complexo. Com isso, a produção da estévia está restrita às grandes empresas", diz. "Com a nossa variedade, os pequenos agricultores terão um trabalho mais simples e lucrativo, uma vez que poderão produzir as mudas por sementes, mantendo o vigor de rebrote."

Outra vantagem apontada pelo pesquisador é o baixo índice de mortalidade apresentado pela M1Alvarez. Testes realizados pelo Nepron mostraram que a nova variedade da planta apresenta um índice de 2% a 3% de perdas, valor bem abaixo do feito pelo sistema de estaquia ou de mudas, cuja mortalida de fica em torno de 30% a 40%.

"A nossa estévia mantém a homogeneidade da planta, com alto teor de rebaudiosídeo A, dando um sabor mais doce e sendo uma alternativa aos adoçantes sintéticos e ao açúcar natural. Estou confiante que este trabalho possibilitará a abertura de um nicho promissor na produção de adoçantes em Maringá e região", disse Costa.

A M1 Alvarez é a primeira variedade de polinização aberta obtida na UEM. O nome da variedade é uma homenagem a Mauro Alvarez, doutor em Bioquímica e criador do Nepron (fundado em 1985). Desde 1979, o professor estudou aspectos relativos à segurança de produtos de estévia, além de desenvolver tecnologias que permitiram a exploração comercial do esteviosídeo.

Segundo o coordenador do Nepron, a nova variedade da planta está pronta, e aguarda apenas o processo de registro.

"A idéia é oferecer as sementes para o pequeno produtor a partir de março. Com a abertura dos mercados norte-americano e europeu, existe uma demanda muito grande pelo produto. Com a alta aceitação, o preço pelo estrato do rebaudiosídeo A está muito atraente", ressaltou.

  • Zander Martins: colheitas serão feitas a cada 90 dias

Após anos sendo importada, a estévia (Stevia rebaudiana) voltou a ser cultivada de maneira expressiva no Paraná. Otimista pela abertura do mercado norte-americano e europeu para o produto, a empresa Stevia­­farma, de Maringá, está colhendo sua primeira safra em larga escala. A planta é utilizada na produção de adoçantes naturais, e começa a fazer frente ao açúcar-de-cana e aos adoçantes sintéticos.

A colheita começou no mês passado, em uma área de 200 hectares na fazenda do grupo em Ângulo, pequena cidade na Região Noroeste do estado. O presidente da empresa, Thales Aburaya, espera uma produção de 600 toneladas da folha por ano – cerca de 3 mil quilos por hectare. "A expectativa do Stevia World Forum [orgão que representa os produtores da planta] é de que até o próximo ano haja uma substituição de 40% do consumo de açúcar por estévia no mundo", diz. "É um produto natural, sem calorias ou contraindicações e com aumento de demanda."

Além de aproveitar o potencial de crescimento do mercado, Aburaya afirma que a busca pela autossuficiência na produção da matéria-prima foi também uma forma de aumentar a qualidade do produto. O empresário acredita que o adoçante criado a partir desta primeira safra será mais saboroso do que o comercializado hoje.

A empresa já chegou a comprar a produção de pequenos produtores locais, mas nos últimos anos, utilizava somente folhas importadas do Paraguai e da Argentina, chamadas de "crioulas". Segundo Aburaya, esta variedade selvagem tem uma concentração de 70% de esteviosídeo e 30% de rebaudiosídeo (componente mais doce da planta). "A nossa safra trará uma planta com qualidade superior, composta de 80% de rebaudiosídeo. Com isso, teremos uma diferença significativa no sabor", explica.

Segundo o engenheiro agrônomo e gerente agrícola da empresa, Zander Martins, a expectativa é de que as colheitas aconteçam a cada 90 dias. "É uma planta semiperene, que permanecerá na mesma área por 4 a 6 anos."

Parceria

A Steviafarma é pioneira na produção de adoçantes à base de estevia e a única empresa a produzi-los no Brasil. Para fazer seu próprio plantio, ela precisou criar até mesmo o maquinário para colheita – foram desenvolvidas plantadeiras e colheitadeiras especiais, adaptadas para este tipo de cultura. Para isso, foi feita uma parceria com uma empresa dos Estados Unidos, que deve ficar com a maior parte da produção da Steviafarma. De acordo com Aburaya, o grupo estrangeiro investiu inicialmente US$ 1,5 milhão no projeto. O restante do volume produzido no Noroeste do Paraná deve ser exportado para países da América Latina e destinado à produção de adoçantes para o mercado interno.

Perspectiva

A estimativa da Stevia World Forum é de que sejam necessários 350 mil hectares de área plantada para atender à demanda mundial pelo produto. Cerca de 10% deste montante já está plantado na China. Na opinião do pesquisador da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Silvio Cláudio da Costa, que há mais de 20 anos estuda a planta, o aumento na demanda nos últimos anos foi influenciado pela classificação da estévia como aditivo alimentar nos Estados Unidos. "Esta medida amplia as possibilidades de aplicação do produto, que pode ser utilizado em sucos, por exemplo", explica o coordenador do Núcleo de Estudos em Produtos Naturais (Nepron).

De olho nesse filão, a empresa maringaense não descarta o retorno da parceria com pequenos produtores, que deixaram de cultivar a planta após a Steviafarma optar pela importação das folhas. "Estamos sentindo na pele a demanda gerada nos últimos meses, já que muitas indústrias estão nos procurando. É um momento de revolução no mercado e temos o privilégio de ser os únicos a suprir esta demanda no país", diz Aburaya.

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