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Homem segura pedra enquanto corre da polícia | REUTERS/Siphiwe Sibeko
Homem segura pedra enquanto corre da polícia| Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko

Outra saída

Abertura de capital também é alternativa para evitar venda

Uma outra alternativa, defendida internamente pelo presidente da GVT, Amos Genish, seria a abertura de capital da empresa. A ideia seria levantar dinheiro com a venda das ações da companhia e evitar a transferência para outro grupo. Essa é considerada uma alternativa "menos traumática" do ponto de vista de empregos e investimentos, mas pode esbarrar na pressa da controladora em fazer caixa.

A GVT teve papéis negociados na Bovespa até abril de 2010, quando a Vivendi assumiu os 100% das ações da empresa. Na época, como o grupo francês não tinha operações nesse setor no país, a aquisição não alterou o cronograma da GVT, tanto que o próprio presidente da companhia foi mantido no cargo.

O grupo francês assumiu o controle da GVT em novembro de 2009 por US$ 2,9 bilhões, quando sua oferta de R$ 56 por ação da operadora superou a proposta de R$ 50,5 feita pela Telefónica, que considerava a empresa como essencial para sua estratégia no Brasil.

Para Renato Pasquini, analista da Frost & Sullivan, o bom momento da companhia poderia atrair muitos investidores e a empresa teria como receber um bom retorno para seus papéis. Mas EduardoTude, da consultoria Teleco, observa que essa operação, do ponto de vista da Vivendi, embute um risco maior, além de ser um processo mais demorado. Se negociar com uma concorrente da GVT, a Vivendi tem condições de discutir o preço. "Também tudo vai depender do momento de mercado em que os papéis da empresa seriam lançados", diz.

"Não haverá uma paralisia, mas é possível que haja uma redução de investimentos até que haja uma definição para a situação da empresa."

Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, sobre caso a venda da GVT se concretize.

A empresa de telefonia GVT, com sede em Curitiba, vive uma situação inusitada. Considerada uma das estrelas do setor de telecomunicações no país, a companhia dobrou de tamanho desde 2009, exibe um crescimento médio de 31% no número de clientes desde então e está investindo R$ 2,5 bilhões em 2012 – montante que deve ser replicado nos próximos cinco anos. Mas, desde que foi colocada à venda pela controladora francesa Vivendi há quase um mês, o clima na companhia é de incerteza. A empresa corre o risco de ter de reduzir o ritmo de expansão e colocar os projetos na geladeria.

A Vivendi, que comprou a GVT por R$ 7,7 bilhões há três anos, resolveu colocar ativos à venda, entre eles, a GVT, para fazer caixa e reduzir seus passivos. O conglomerado francês, que é dono ainda da Universal Music, da empresa de jogos Activision Blizzard, do Canal Group e da Maroc Telecom, tem uma dívida de R$ 30 bilhões.

Para o grupo Vivendi, a empresa é uma joia da coroa. A GVT tornou-se uma gigante do setor no Brasil, com faturamento estimado de R$ 4,6 bilhões em 2012. Nos últimos dois anos dobrou o número de funcionários, para 16 mil – a maioria no Paraná. Além de exibir um crescimento invejável, não depende financeiramente da sua controladora.

A notícia da venda pegou a empresa no contrapé do seu plano de expansão. Em 2012, a companhia adicionou 15 novas cidades à área de cobertura chegando a 135. O objetivo é atingir a marca de 200 cidades até 2016. Em janeiro entrou no mercado de tevê por assinatura e já responde por aproximadamente 12% das vendas no país. Segundo informações de mercado, a intenção da Vivendi seria colocar a empresa à venda por no mínimo US$ 10 bilhões.

Procurada, a GVT informou que não comentaria o assunto. Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Paraná (Sinttel), Pedro Vitor Dias da Rosa, a venda poderia impactar os 9,5 mil empregos gerados no estado. "Isso é péssimo. Se a empresa for vendida para uma empresa que atua aqui no Brasil será uma tragédia, porque a tendência histórica é de redução de postos de trabalho. A GVT pode se transformar em uma empresa de fundo de quintal", afirma.

Aquisições e fusões de empresas que atuam em uma mesma área geralmente trazem sinergias e a tendência de redução de quadros em áreas onde há duplicação de funções. "Em 1998, a Telepar, antes da privatização, tinha 6 mil funcionários. Hoje, como Oi, a empresa não tem mais que 500", compara Rosa. Segundo ele, se a GVT for mesmo vendida, o sindicato vai buscar algum apoio do governo para evitar demissões.

Complicadores

A Vivendi teria interesse em oferecer a GVT para empresas como Telefónica, Tim, Oi e América Móvil – dona da Claro, Net e Embratel. Analistas alertam, porém, que o cenário não é favorável para a venda. A Telecom Itália, que controla a TIM e está em dificuldades financeiras, já teria descartado a possibilidade de comprar a GVT.

"A Oi está reforçando a área de serviços e poderia ter que enfrentar, em caso de aquisição, algum tipo de restrição por concentração de mercado pelo Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica]", diz Renato Pasquini, analista da consultoria Frost & Sullivan.

E a Telefónica, que controla a Vivo e já tentou comprar a GVT, vive outro momento: está vendendo ativos para diminuir sua dívida. "A América Móvil, por sua vez, que teria caixa para adquirir a GVT, teria de avaliar até que ponto valeria a pena soprepor operações com a da Net, por exemplo", diz Eduardo Tude, presidente da Teleco, consultoria especializada no setor.

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