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O mercado sustentável e baseado na preservação da biodiversidade terá grandes oportunidades de negócios nos próximos anos, de acordo com o economista indiano Pavan Sukhdev, coordenador do estudo A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade (Teeb, na sigla em inglês), realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). Segundo o estudo, o carro-chefe da economia verde será o de produtos agrícolas certificados. A estimativa é que a movimentação anual desse setor cresça de US$ 40 bilhões em 2008 (o equivalente a 2,5% do mercado global de alimentos e bebidas) para US$ 210 bilhões em 2020.

Sukhdev acredita que existe um grande potencial de aceitação desses produtos pelos consumidores. "Hoje, a publicidade foca na quantidade, não na qualidade. Os rótulos não mostram os danos ambientais embutidos naquele produto", disse. Segundo ele, à medida que houver maior conscientização sobre a necessidade de preservação ambiental, os consumidores vão ficar mais exigentes e os governos vão impor regulamentações. "As pessoas são alertadas sobre efeitos do tabaco e das drogas, mas não sobre os danos à natureza", exemplificou, durante encontro na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo.

Outros campos ambientais com espaço para crescer, de acordo com o relatório, são o de florestas e recursos hídricos. O mercado de produtos florestais certificados (principalmente madeira) deve saltar de US$ 5 bilhões para US$ 15 bilhões entre 2008 e 2020. Já os pagamentos do governo e de voluntários para a preservação de mananciais e outros ecossistemas hídricos têm previsão de movimentar US$ 8 bilhões em 2020.

"Apesar da boa vontade, continuamos a destruir a biodiversidade, porque não olhamos para os benefícios da conservação em termos econômicos. Àquilo que está na natureza não é dado valor econômico. Esse é o problema", afirmou Sukhdev, ex-economista sênior do Deutsche Bank. Ele explicou que o relatório Teeb tem o objetivo de mostrar que preservar a biodiversidade sai mais barato do que devastá-la. O ponto principal, segundo ele, é que a natureza não cobra pelos "serviços prestados" (fertilidade do solo ou purificação do ar, por exemplo) e, por isso, empresas e pessoas dão como certa a continuidade eterna desses recursos. "É a invisibilidade econômica da natureza", disse.

Para o diretor executivo da CNI, José Augusto Fernandes, quando se coloca um preço num "produto que não tem preço", o mercado ajuda a controlar a preservação. "Daí surgem as oportunidades, como, por exemplo, na indústria de cosméticos, que retira da natureza a matéria-prima, mas a preserva para poder continuar contando com o recurso", explicou Fernandes.

Engajamento

Das cem maiores empresas do mundo, 89% produzem um balanço sobre sustentabilidade, segundo o Teeb. No entanto, entre as que produzem esse documento, a questão ainda é tratada de forma vaga. Apenas 15% discutem abordagens para reduzir o impacto sobre a biodiversidade, e só 9% enxergam o tema como uma questão estratégica.

Apesar disso, o relatório Teeb entende que os primeiros passos rumo ao engajamento já foram dados. Além disso, o setor de negócios está começando a se preocupar com limitações no crescimento de suas empresas em razão da perda da biodiversidade.

O relatório cita pesquisa feita pela consultoria PricewaterhouseCoopers em 2009, em que 27% dos líderes empresariais (CEOs) em todo o mundo afirmaram ter esse tipo de preocupação. Essa característica foi detectada principalmente em empresários da América Latina (53%) e África (45%), e com menos destaque na Europa (18%) e América do Norte (14%), onde a maior parte da fauna e da flora já foi devastada.

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