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Os Estados Unidos possuem riscos reais de ter uma redução brusca no nível de atividade – chamado de "hard landing" (pouso forçado) – e os países emergentes, como o Brasil, devem sofrer com isso, mesmo que de uma forma menos intensa do que seria há algumas décadas. A afirmação é do economista norte-americano Nouriel Roubini, professor da New York University e consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI), feita durante palestra realizada no Ibmec São Paulo.

Segundo o economista, já há alguns indícios de que o mercado americano está em recessão. O setor imobiliário, com o desaquecimento das vendas e os cada vez mais evidentes problemas no crédito de alto risco (subprime) imobiliário, é o principal deles. "É a primeira vez que o preço das casas cai desde a Grande Depressão", disse, citando a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929.

Quem perde

Os emergentes passam a ser afetados por duas frentes, acredita Roubini. Primeiro porque os investidores norte-americanos, com medo do risco, retraem seus investimentos nos países emergentes. Segundo porque o consumo local é reduzido, fazendo com que os preços das commodities – principal base de sustentação das exportações dos emergentes – tenham redução. Além disso, pode ocorrer a volta de imigrantes aos seus países de origem devido à falta de emprego nos Estados Unidos.

Porém, para ele, os emergentes, entre eles o Brasil, possuem um cenário macroeconômico mais saudável, com reforços nas reservas internacionais, redução das taxas de inflação e políticas macroeconômicas mais sólidas. "Mas ainda é necessário manter este padrão de reservas e inflação, além de promover uma série de reformas", disse.

A questão do crédito "subprime" e no setor imobiliário em geral, segundo ele, mostra que o problema não é específico do setor. A população americana, por exemplo, pode estar direcionando seu consumo para bens duráveis, como carros e eletroeletrônicos – um sinal de que já não é mais capaz de investir em um patamar mais alto. "O subprime imobiliário não é um problema específico", disse. "Pode trazer, por exemplo, a quebra de outros tipos de crédito de alto risco".

O resultado é o aumento das taxas de juros para o mercado de capitais, o que desaquece os investimentos. Contribui para este movimento o fato de os juros para crédito "prime" acabarem subindo como uma forma de compensar as perdas no "subprime" depois de alguns meses.

Perguntado se nestes casos o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deveria agir com mais firmeza e aumentar as taxas de juros, Roubini se mostrou pouco confiante de que eles usariam esta arma. "Um aumento fora da curva dos juros é um dos elementos que materializam a recessão", disse. "Todas as vezes que ocorreu isso, a recessão chegou".

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