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Restabelecimento das relações diplomáticas permitirá investimento privado dos EUA em solo cubano. | Adalberto Roque/AFP
Restabelecimento das relações diplomáticas permitirá investimento privado dos EUA em solo cubano.| Foto: Adalberto Roque/AFP

O governo de Barack Obama autorizou, pela primeira vez em 50 anos, a construção de uma fábrica de bandeira americana em Cuba. Em um novo passo no restabelecimento das relações diplomáticas entre Washington e Havana, iniciado há 14 meses, uma pequena empresa do Alabama chamada Cleber vai construir uma oficina com capacidade para montar mil tratores ao ano. A aprovação histórica foi anunciada nesta terça-feira (16) horas antes da assinatura de um acordo entre os antigos rivais que permitirá até 110 voos regulares entre os dois países.

O Departamento do Tesouro comunicou, na semana passada, aos sócios Horace Clemmons e Saul Berenthal que estavam autorizados a implantar o negócio na zona especial econômica do Porto de Mariel — área que o presidente Raúl Castro impulsiona para atrair investimentos estrangeiros. Como a maioria republicana no Congresso resiste em derrubar o embargo à ilha, o governo Obama tem explorado brechas legais na legislação que sustenta o bloqueio.

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A aprovação da licença aos empresários faz parte das diretrizes anunciadas em setembro que permitem transações econômicas em “projetos humanitários” voltados ao desenvolvimento de uma atividade agrícola e rural independente em Cuba. Assim, foi possível autorizar a exportação de produtos que beneficiassem granjeiros cubanos, público-alvo dos tratores de Alabama.

Clemmons e Berenthal querem começar a fabricar os equipamentos nos primeiros meses de 2017. O investimento inicial, estimado entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões (de R$ 20 milhões a R$ 40 milhões), deve gerar emprego para 30 cubanos — mas a expectativa é expandir o efetivo para 300 empregados locais em cinco anos. Já o material usado na confecção virá inicialmente dos Estados Unidos. Segundo Clemmons, os sócios não esperam apenas vender produtos em Cuba, mas também ajudar a solucionar os problemas mais importantes da ilha. Berenthal, inclusive, nasceu em solo cubano, mas saiu de lá aos 16 anos.

“Tenho dois países que durante 60 anos estiveram nos piores termos possíveis. Qualquer coisa que possa fazer para unir os dois países e sua gente é tremendamente satisfatório”, afirmou Berenthal à AP.

A instalação da empresa é o primeiro passo significativo americano em solo cubano desde a Revolução Comunista de 1959, quando Fidel Castro assumiu o poder e nacionalizou propriedades e empresas americanas. A expropriação levou à imposição do embargo de tratos comerciais e empresariais que continua vigente, apesar dos recentes decretos de Barack Obama para suavizar as restrições.

Entre as medidas flexibilizadoras do presidente democrata, um denominador comum: o incentivo à iniciativa privada em Cuba. As diretrizes de setembro ainda relaxaram as atividades de telecomunicações e de transporte na ilha, e permitiram a turistas americanos que viajarem ao país abrir contas em bancos locais. A ideia de Obama é blindar a aproximação com Havana para evitar a marcha a ré que uma possível vitória republicana nas eleições de novembro poderia impor à relação diplomática.

O ministro cubano de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro, Rodrigo Malmierca Díaz, iniciou nesta segunda-feira uma visita de quatro dias aos EUA. Junto a ele, representantes do Ministério de Relações Exteriores, do Banco Central, da Câmara de Comércio e gestores de empresas cubanas.

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