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O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, enfrenta uma campanha solitária para transformar a política cambial chinesa em uma das principais questões da próxima cúpula do G20, com possíveis aliados evitando o confronto com Pequim.

Pressionado por parlamentares norte-americanos, Geithner prometeu na semana passada que mobilizaria os países da cúpula de 11 e 12 de novembro na Coreia do Sul para apressar a valorização do iuan pela China.

Entrevistas com autoridades dos países do G20 sugerem que Geithner --que já admitiu que poucos países estariam dispostos a confrontar a China-- pode acabar sozinho na crítica ao iuan em Seul.

"Os EUA estão mais determinados que o resto do G20 para tirar algo da China sobre o iuan", disse uma autoridade monetária da zona do euro, que preferiu não ser identificada.

"É uma questão amplamente bilateral, com o restante assistindo como espectadores porque não importam o suficiente ou porque não estão muito interessados", disse a autoridade.

O ministro das Finanças sul-coreano, Yoon Jeung-hyun, descartou a possibilidade do iuan ser debatido na cúpula de Seul, dizendo que o fórum pode, ao invés disso, discutir as taxas de câmbio em geral ou seus efeitos sobre a economia global.

Em uma medida que deve aumentar a tensão com a China, o Comitê de a Câmara dos Deputados norte-americana responsável por tributação ("Ways and Means") aprovou na sexta-feira uma lei que pode permitir a criação de impostos sobre produtos importados de países com moedas subvalorizadas. Porém, a proposta de lei ainda terá de enfrentar as perspectivas incertas do Senado para ser sancionada.

Desde que o banco central da China deixou a taxa do iuan flutuar de forma mais livre, a moeda acumula alta de 1,8 por cento.

Os congressistas norte-americanos acreditam que a China mantém o iuan 40 por cento subvalorizado para incentivar as exportações, prejudicando o mercado de trabalho dos EUA -- uma alegação questionada por muitos economistas.

Solidariedade dos brics

Contudo, a China poderá contar com a solidariedade dos colegas dos Brics --Brasil, Rússia e Índia-- no G20.

"Essa ideia de colocar pressão sobre um país não me parece que seja o caminho para soluções", disse o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à Reuters na semana passada.

"Nós temos uma boa coordenação com a China e temos conversado com a China. Não podemos nos esquecer de que hoje ela é o nosso principal cliente", completou Amorim.

De forma semelhante, a Rússia está satisfeita com as relações comerciais com a China, exportando matérias-primas e energia mas não os bens manufaturados que competem contra os produtos chineses de baixo custo. Moscou tende a falar somente em termos gerais sobre flexibilidade cambial.

"A Rússia não tem uma grande relação comercial com a China, e politicamente eu não acho que é lucrativo para a Rússia apoiar isso", disse Evgeny Gavrilenkov, economista-chefe da Troika Dialog, em Moscou.

Visitando Nova York para a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) na semana passada, o premiê chinês, Wen Jiabao, rejeitou definitivamente qualquer ligação entre o valor do iuan e os déficit comerciais dos EUA.

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