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Euro deve se desvalorizar como consequência do pacote de estímulo anunciado ontem: cortes de juros não surtiram efeito | Fabian Bimmer/ Reuters
Euro deve se desvalorizar como consequência do pacote de estímulo anunciado ontem: cortes de juros não surtiram efeito| Foto: Fabian Bimmer/ Reuters

Perguntas e respostas

Entenda o pacote de estímulo europeu:

Como vai funcionar?

Todos os meses o BCE vai comprar 60 bilhões de euros em títulos de baixo risco, como fazia o BC nos EUA até outubro, colocando dinheiro barato e abundante na economia.

Qual o efeito esperado?

Esse dinheiro servirá para as famílias consumir, e para as empresas abrir linhas de produção e contratar. Espera-se que confiança seja recuperada e que seja criado um ciclo virtuoso de investimento e consumo.

Por que a Europa mudou a política de estímulo?

Os cortes de juros e as injeções de recursos nos bancos não tiveram o efeito esperado nos investimentos e no consumo.

Há algum exemplo de sucesso dessa política?

Nos EUA, após 3 fases dessa política, a confiança foi retomada, as empresas voltaram a contratar, e a população, a consumir.

A austeridade não deu certo? Por quê?

Disparidades fiscais e políticas são grandes. Países como França e Itália, que estão entre as 5 maiores da região, têm dificuldade em cortar gastos sociais.

O que pode dar errado?

Títulos de países como Grécia podem não ser comprados. A oposição alemã pode diminuir a efetividade do plano.

Porque isso pode afetar os emergentes?

Dinheiro deve fluir para aplicações em países como o Brasil, que têm taxas de juros elevadas, pressionando as moedas.

Após seis anos de medidas fracassadas, o Banco Central Europeu se rendeu ao relativo sucesso da política americana de estímulos e decidiu injetar 1,1 trilhão de euros para estimular a economia, que passa pela primeira deflação em cinco anos e cuja estagnação pode passar de 2020.

O BC europeu vai comprar, a partir de março, 60 bilhões de euros mensais em títulos de dívida dos governos e de agências europeias de baixo risco de calote. Até então, o foco era corte de juros, austeridade fiscal e socorro a bancos para viabilizar o crédito.

A medida vai durar ao menos até setembro de 2016, somando 1,1 trilhão de euros (cerca de metade do PIB brasileiro). Porém, Mario Draghi, presidente do BCE, abriu as portas para que o programa prossiga caso a inflação não se aproxime da meta de 2% –ficou em -0,2% no mês passado.

Considerada inflacionária, a ação tem como efeitos colaterais a desvalorização do euro (fala-se que a paridade entre euro e dólar deve voltar até o fim de 2016; a moeda recuou 2,45% a US$ 1,13, a menor cotação em 11 anos), além do fomento a bolhas (a valorização de commodities e de moedas emergentes é atribuída ao dólar barato até 2014).

Por outro lado, os EUA voltaram a crescer e a exportar com força a ponto de retirar os estímulos no final de 2014, dois anos após adotar sua terceira versão do programa. Há dúvidas se o BCE terá sucesso com a receita americana e quais serão as consequências para países emergentes, como o Brasil.

A desvalorização do dólar, após a adoção pelos EUA do seu programa de estímulo em 2012, fomentava a alta de commodities, moedas e ativos em todo o mundo. O euro não tem o alcance de influência da moeda americana.

Também dificultam as disparidades os 19 países da zona euro, além da oposição alemã, que considera a medida uma distribuição de riqueza em favor de países menos previdentes, como Grécia e Itália.

Nos EUA, as empresas se financiam vendendo títulos no mercado de capitais, enquanto na Europa vão buscar dinheiro nos bancos, o que pode reduzir a efetividade do dinheiro barato abundante. "Estamos vivendo um período de experimentalismo. Mas o BCE surpreendeu e aumentou o apetite por risco", disse Daniel Cunha, da XP Securities, em Nova York.

"[As medidas] vão ajudar a Europa. Tem-se uma falsa sensação de que isso pode estimular novamente a demanda por emergentes, porém existe uma enorme faxina a ser feita [nesses países]", disse Jason Vieira, da XInfinity Invest.

Dólar recua

O dólar caiu ontem para a menor cotação em mais de um mês, influenciado pelo anúncio do plano de socorro da União Europeia. A moeda americana fechou em queda de 1,26% ante o real, a R$ 2,574, menor cotação desde os R$ 2,557 de 3 de dezembro. O real também ganhou força frente ao euro, que recuou 2,96%, a R$ 2,928, abaixo de R$ 3 pela primeira vez desde 11 de setembro. As bolsas se animaram: o Ibovespa fechou em alta 0,44%, a 49.442 pontos, seguindo os mercados globais.

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