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A ExxonMobil (Esso, no Brasil), que negocia a venda de seus ativos na Argentina, estendeu o prazo para o recebimento de propostas pelo negócio, afirmou nesta terça-feira uma reportagem publicada no jornal argentino El Cronista. A empresa americana, que tem cerca de 600 postos de combustíveis mais uma refinaria no país, estimados em US$ 250 milhões, teria entre suas preferidas a Petrobras. A brasileira, no entanto, afirma não ter apresentado propostas na segunda-feira da semana passada, quando vencia o período fixado originalmente.

A candidata à Presidência da Argentina Cristina Kirchner, que chega para uma visita ao Brasil nesta quarta-feira, deverá se reunir com o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli. Segundo reportagem publicada pelo jornal argentino Clarin, a Petrobras reafirmará à atual primeira-dama seu interesse na compra dos ativos da Exxon na Argentina e pedirá maiores definições sobre o tema.

Os negócios entre Petrobras e a Argentina têm sido feitos com forte envolvimento político. Na semana passada, o presidente da estatal brasileira esteve em Buenos Aires para conversar com o ministro do Planejamento, Julio De Vido . A pauta do encontro não foi divulgada e a Petrobras se nega a comentar o assunto Exxon/Argentina.

Mas, na semana passada, o diretor da área Internacional da Petrobras, Néstor Cerveró - que deverá deixar o cargo para dar lugar a um indicado pelo PMDB - , afirmou que a Esso estaria negociando sua saída do Brasil e de outros países da América Latina , o que causou mal-estar na empresa.

A estatal brasileira brasileira, que em 2003 comprou a argentina Pecom, teve que ceder à forte pressão do governo de Kirchner e vendeu a Transener, distribuidora de eletricidade, em junho, para o fundo de investimento americano Eton Park. A partir daí, o ministério de De Vido "recomendou" que as ações da Transener fossem vendidas a uma sociedade entre a estatal Enarsa e a privada Electroingeniería.

Na semana passada, quando havia vencido o prazo da entrega de propostas pela Exxon, fontes do ministério do Planejamento disseram sentir "mal-estar" diante da possibilidade da venda da Exxon para a Petrobras.

Horas depois, a secretaria de meio-ambiente fechou uma unidade de produção da empresa brasileira em Dock Sud, alegando problemas com estoques.

Na semana passada, o vice-presidente da PDVSA , Luís Vierma, afirmou o interesse da companhia na compra dos ativos da Exxon . A tomada da dianteira pela Petrobras nas negociações pode ser vista como uma tentativa do governo brasileiro de expandir o domínio do governo de Hugo Chavez na América Latina.

Outro grupo que pode estar negociando a venda da Exxon no Brasil é Ultra, também interessado nos ativos da Esso Brasileira de Petróleo. Diante de notícias veiculadas pela imprensa, o Ultra chegou a divulgar uma nota informando que não havia nada de concreto, mas não negou seu interesse na operação.

Diretoria reúne funcionários no Brasil

Para apaziguar os ânimos na Esso no Brasil, diretores de cada área convocaram reuniões com os funcionários e trataram de desmentir as declarações. Segundo eles, por enquanto, não há nenhuma negociação neste sentido em curso e, caso o negócio seja fechado, todos serão comunicados.

A empresa brasileira enxergaria na compra dos ativos da Exxon na Argentina uma oportunidade de longo prazo já que, por ora, os preços na Argentina são controlados e estão abaixo do mercado internacional.

Ao divulgar seu plano de investimentos entre 2008 e 2012, no mês passado, a Petrobras destinou uma fatia de US$ 15 bilhões à sua atuação internacional, priorizando projetos em América Latina, Golfo do México e Oeste da África, especialmente em exploração e produção. Em 2003, a empresa comprou a principal empresa de petróleo da Argentina, a Perez Companc, atual Petrobras Energía, por US$ 1,07 bilhão.

- Se a Argentina estivesse em condições normais, a compra da Exxon seria positiva para a Petrobras, que poderia elevar seu poder de mercado. Mas, diante da situação que o país vive, com a continuidade do governo atual e a perspectiva da eleição de Cristina Kirchner, este pode não ser um bom investimento - disse um analista, - a não ser que a Petrobras tenha outros interesses, como impedir um posicionamento mais forte da Venezuela no país.

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