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Placa diante da sede do Facebook, em Menlo Park, Califórnia
Placa diante da sede do Facebook, em Menlo Park, Califórnia| Foto: Bigstock

O Facebook deu de ombros para meses seguidos de críticas de autoridades regulatórias e analistas de segurança para comemorar, nesta semana, um recorde nas receitas de um único trimestre. A companhia, que também é dona do Instagram e do WhatsApp, informou que as receitas do terceiro trimestre cresceram 29% e atingiram US$ 17,7 bilhões, revelando que a plataforma ainda mantém grande apelo para os anunciantes.

Quase todo o faturamento da companhia está ligado à publicidade online com desempenho superou as expectativas do mercado. O lucro líquido, por sua vez, cresceu 19% em relação ao mesmo período do ano passado, alcançando US$ 6,1 bilhões.

O número de usuários de todas as plataformas do Facebook combinadas cresceu mais lentamente do que as receitas. De julho a setembro, os usuários ativos mensais aumentaram 8%, chegando a 2,45 bilhões. A quantidade de usuários diários ativos superou ligeiramente as expectativas, com crescimento de 9,2% e um total de 1,62 bilhão de pessoas.

“Agora temos um caminho claro a seguir, não apenas em termos de produto e negócio, mas também em orientações regulatórias que nos dão expectativas reais e uma sólida fundação para avançar”, disse Mark Zuckerberg durante uma teleconferência com analistas.

Como já vinha acontecendo em trimestres anteriores, o crescimento do número de usuários se concentra principalmente em lugares fora de EUA, Canadá e Europa, com forte avanço na Ásia.

Ao falar sobre as receitas, Zuckerberg disse que a empresa continuará a aceitar anúncios políticos, que deverão responder por 0,5% do faturamento no ano que vem, estima. Ele comentou sobre o assunto no mesmo dia em que o CEO do Twitter, Jack Dorsey, anunciou que a plataforma irá banir todos os anúncios políticos pagos a partir de novembro.

O comandante do Facebook insistiu que a manutenção do espaço para políticos está relacionada ao compromisso com a liberdade de expressão e não com preocupações envolvendo resultados. “Numa democracia, não acho certo que companhias privadas possam censurar os políticos ou as notícias”, declarou Zuckerberg.

Sob pressão

Os últimos meses foram os mais agitados nos 15 anos de história do Facebook. A Comissão Federal do Comércio dos EUA multou a empresa em US$ 5 bilhões por repetidas violações de privacidade.

A agência conduziu uma investigação de 16 meses a partir do escândalo da empresa Cambridge Analytica, em que ficou comprovado que a campanha presidencial de Trump acessou indevidamente informações de dezenas de milhões de usuários do Facebook.

Por outro lado, o plano da empresa de causar “disruptura” no mercado financeiro lançando uma moeda virtual própria, a Libra, teve uma recepção gélida por parte dos reguladores, desencadeou uma série de tentativas de golpe associados à moeda que ainda nem existe e já vem perdendo apoiadores.

Para a analista da empresa de pesquisas eMarketer, Debra Aho Williamson, as agências de propaganda querem mesmo saber sobre a capacidade do Facebook de atingir um grande número de pessoas com ferramentas de alta precisão. Apesar dos reveses e escândalos da empresa, diz ela, fica claro que os anunciantes ainda acreditam que a plataforma entrega esses resultados "com base em métricas relevantes, apesar de haver muitos outros desafios em outras áreas”, acrescentou.

O valor das ações da companhia tem apresentado um comportamento volátil em relação ao ano passado, tendo atingido o patamar mais baixo em dezembro (US$ 123,02 cada), contra um pico de US$ 208,66 em julho. Na última quarta-feira (30), o valor das ações da empresa subiu 4,5%, logo após a divulgação dos resultados trimestrais.

“Há mais pressão externa sobre o Facebook porque tem-se a impressão de que o cerco regulatório está se fechando, mas os investidores só querem saber dos resultados”, destaca Daniel Ives, analista da Wedbush Securities. E acrescenta: “os investidores prestam atenção na capacidade de a empresa avançar, equilibrando o crescimento com questões de privacidade, e essa é a corda bamba em que Zuckerberg tenta caminhar”.

Para o diretor financeiro do Facebook, Dave Wehner, a cobrança crescente em questões de privacidade, tanto por parte dos órgãos reguladores como dos sistemas operacionais e da própria empresa, deve dificultar um ajuste fino do público-alvo por parte dos anunciantes, o que poderá desacelerar o crescimento da companhia. Um exemplo é o sistema iOS 13, da Apple, que alerta usuários sobre os aplicativos que estão sendo informados sobre a sua localização.

Um outubro ruim

O mês tem sido particularmente difícil para o Facebook, apesar de os analistas se mostrarem confiantes de que os anunciantes permanecerão fiéis à plataforma. Um revés recente foi a decisão de tribunais da União Europeia de que a empresa poderá ser obrigada a remover conteúdos em todo o mundo.

Também neste mês, o Facebook admitiu que algumas contas na Rússia estão semeando discórdia na política norte-americana, que começa a voltar atenções para as eleições presidenciais de 2020. Congressistas criticaram vários aspectos da operação da companhia em audiência realizada também em outubro.

Por fim, o Facebook foi informado de que 46 procuradores se associaram a uma investigação antitruste liderada pelo estado de Nova York. Outra investigação, federal, está revisando o processo de aquisição do WhatsApp e do Instagram.

Perguntado sobre as investigações, Zuckerberg disse que o sucesso de plataformas como o Snapchat mostra que o mercado se mantém competitivo. Afirmou ainda que a aquisição do Instagram, em 2012, foi motivada pelo fato de ser um negócio “complementar” à rede social já existente.

O Facebook permanece como maior rede social do mundo e continua a se reinventar num cenário de rápidas mudanças tecnológicas. A companhia diz que está cada vez mais focada em proteger a privacidade de seus usuários e que irá criptografar as mensagens de todas as suas ferramentas - medida considerada louvável por analistas de segurança, mas que levanta a ira das autoridades regulatórias.

A empresa também começou a pagar empresas jornalísticas por notícias que, historicamente, tinham seus links republicados de graça na plataforma.

Conteúdo editado por:Cristina Seciuk
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