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Carros recém fabricados aguardam embarque em pátio da Renault
Carros recém fabricados aguardam embarque em pátio da Renault (Foto: Albari Rosa/Arquivo/Gazeta Do Povo)| Foto:

A montadora ítalo-americana Fiat Chrysler (FCA) apresentou nesta segunda-feira (27) uma proposta de fusão com a francesa Renault, que pode criar a terceira maior montadora do mundo, atrás de Volkswagen e Toyota.

Segundo a proposta da Fiat para a Renault, o novo grupo seria detido por 50% dos acionistas de cada uma das empresas. As ações seriam cotadas em Nova York, nos EUA, e em Milão, na Itália, disse a Fiat Chrysler em comunicado.

Conforme a fabricante francesa, seu conselho de administração se reunirá para estudar a proposta de fusão; a informação dada em comunicado divulgado logo após o anúncio da proposta.

O jornal Figaro informou que todos os membros do conselho votaram pelo início das conversas, com a exceção de um representante sindicalista, que se absteve. Já o Le Monde publicou que a operação pode receber o sinal verde definitivo dos administradores da firma francesa já na primeira quinzena de junho.

A FCA é formada pelos gurpos Fiat e Chrysler. Foto:  Bigstock
A FCA é formada pelos gurpos Fiat e Chrysler. Foto: Bigstock

De acordo com a Fiat Chrysler, a fusão resultaria em vendas anuais de 8,7 milhões de veículos e "uma forte presença em regiões e segmentos importantes", gerando 5 bilhões de euros (aproximadamente R$ 22 bilhões) em economia anual.

O "amplo e complementar portfólio das duas marcas forneceria uma cobertura completa do mercado, do luxo ao 'mainstream'", afirmou a Fiat Chrysler.

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O acordo proposto fundiria as duas montadoras sob uma holding holandesa listada. Após o pagamento de um dividendo especial de 2,5 bilhões de euros (aproximadamente R$ 11 bilhões) aos acionistas da Fiat Chrysler, cada grupo receberia 50% da entidade combinada em novas ações.

A fusão não levará ao fechamento de fábricas, assegurou a Fiat Chrysler. Juntas, as duas montadoras tem um total de 141 plantas.

Ações de Renault e FCA em alta

Nas Bolsas de Paris e Milão, as ações de Renault e FCA tiveram valorização na casa dos dois dígitos após o anúncio das tratativas preliminares.

O vice-primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, classificou a junção de forças como brilhante, desde que proteja postos de trabalho no país de origem da Fiat. Como o governo francês possui 15% das ações da Renault, existe a expectativa de que o Executivo da Itália busque adquirir alguma participação na nova empresa.

Paris também demonstra entusiasmo pelo cenário, mas, além dos empregos franceses, quer preservar sua influência na tomada de decisões da firma.

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Em paralelo, pretende "acoplar" ao combo Renault-FCA a aliança da primeira com as japonesas Nissan e Mitsubishi, em banho-maria há seis meses por causa da prisão do ex-executivo-chefe do conglomerado, Carlos Ghosn, sob acusação de corrupção e má conduta financeira.

Se as empresas asiáticas aderissem à sociedade agora em discussão, o mastodonte resultante seria o maior produtor de automóveis do mundo, com cerca de 15 milhões de unidades por ano, desbancando Volkswagen e Toyota. Por enquanto, porém, as duas não estão diretamente envolvidas nas conversas.

 O governo  francês possui 15% das ações da Renault. Foto: Bigstock
O governo francês possui 15% das ações da Renault. Foto: Bigstock

Aliança para entrar nos EUA

A parceria proposta pela Fiat-Chrysler interessa à montadora ítalo-americana por causa de sua atual fraqueza no mercado europeu, onde suas fábricas trabalham com apenas 50% de sua capacidade instalada e têm tido dificuldade de adaptar sua produção aos reduzidos tetos de emissão de carbono fixados pela União Europeia.

No sentido inverso, a Renault se beneficiaria da penetração da potencial aliada nos Estados Unidos, onde sua linha Jeep e seus caminhões RAM têm ótima acolhida.

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A sinergia representaria uma economia de 5 bilhões de euros para os cofres das duas firmas, segundo cálculos do mercado - poupança mais do que bem-vinda, no momento em que o setor automobilístico precisa de capitalização vultosa (na casa de 250 bilhões de euros nos próximos sete anos, segundo o Monde) para financiar a transição para veículos elétricos e autônomos.

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