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Se você, quando recebe o extrato do plano de previdência, preocupa-se em comparar a rentabilidade de seu plano com a que obtém de seus fundos e CDBs, recomendo que abandone este mau hábito. PGBLs e VGBLs não podem ser comparados com produtos tradicionais do mercado.

A gestão de um fundo de previdência demanda rotinas específicas e prestação de contas à Superintendência de Seguros Privados (Susep), o que inviabiliza a prática de taxas de administração mais eficientes do que as que a área de gestão de recursos consegue propor para fundos de grande atratividade. Além disso, para contratar um plano de previdência, você terá que discutir suas necessidades e expectativas com um profissional que irá modelar o plano que melhor o atenda, e esse serviço de personalização tem um custo, a chamada taxa de carregamento. E, para estimular a permanência do investimento no longo prazo, planos de previdência contam com regimes de tributação que penalizam fortemente quem resgata recursos no curto prazo, principalmente para quem optou pelo regime de tributação regressiva.

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Quando seu extrato lhe mostra o desempenho de seu plano nos últimos meses, o impacto da taxa de administração pouco competitiva e da taxa de carregamento provavelmente redunda em desempenho inferior ao que você teria com outros produtos. Infelizmente, isso leva muitas pessoas a abandonarem seus planos precocemente.

Em termos de desempenho, planos de previdência privada vão mostrar suas qualidades somente no longo prazo. Como, neste tipo de produto, a tributação – seja qual for o regime escolhido – ocorre apenas no resgate, os ganhos vão se acumulando e multiplicando continuamente e criando vantagens sobre os tradicionais fundos de renda fixa (onde há o come-cotas de 15% semestral) e CDBs (que são tributados a cada vencimento e renovação da aplicação).

Há ainda a vantagem de podermos contar com tributação total menor no resgate. Quem opta pelo regime de tributação regressiva chega a alíquotas médias próximas de 10% após dez anos de aplicação. Quem opta pela tributação progressiva, tem seus resgates tratados como renda tributável e, dependendo de suas regras de dedução, pode restituir na declaração do ano seguinte até 100% do imposto pago. A vantagem é enorme quando as regras de resgate são bem estudadas.

Além disso, não se pode desprezar o fato de um plano de previdência ser um serviço bem mais completo de investimento. Quem investe em ações e títulos através de uma corretora, precisa ter conhecimento sobre o assunto, montar uma estratégia de diversificação, saber o momento certo de realizar aquisições e vendas e criar mecanismos para se proteger dos riscos. Ao contratar um fundo de investimentos, pagamos uma taxa para que uma equipe de profissionais altamente qualificada se encarregue dessas decisões por nós. Já em um plano de previdência, pagamos uma segunda taxa para que, além das estratégias da carteira de investimento, um profissional nos ajude a assegurar nossos objetivos de enriquecimento através da contratação de um serviço de disciplina e ajustes pela inflação. Por exemplo, seu plano não lhe impõe que você faça um aporte todos os meses, mas é possível automatizar essa escolha e ter a certeza de que o objetivo se concretizará.

Basicamente, ao contratar um PGBL ou VGBL, estamos comprando disciplina e orientação, um planejamento completo e não uma simples carteira de investimentos. Seria muito saudável se, a cada ano, cada contribuinte procurasse seu corretor para refazer as contas e ter a certeza de que está no caminho certo para otimizar seus ganhos no resgate.

A maioria das pessoas não tem o conhecimento necessário para criar seu próprio planejamento com eficiência. Por isso, uma estratégia bastante interessante para seu enriquecimento começaria por assegurar uma condição segura através de um plano de previdência contratado para viabilizar uma renda satisfatória na aposentadoria. Esse plano deveria ser seguido com disciplina rigorosa. Sobrando recursos para mais investimentos, a segurança já contratada permitiria que esse poupador fosse mais agressivo nos demais investimentos, contratando fundos de ações ou multimercados para atingir objetivos mais flexíveis como férias e troca da casa. Sem abrir mão da certeza futura, o risco aumentaria as possibilidades de melhorar as conquistas de médio prazo.

* Gustavo Cerbasi (gustavocerbasi.com.br) é especialista em inteligência financeira.
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