• Carregando...
Por que os juros são tão altos no Brasil? As novas regras para o rotativo do cartão de crédito são apenas a primeira vitória de uma longa cruzada contra os juros no país. Leia na Gazeta do Povo | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Por que os juros são tão altos no Brasil? As novas regras para o rotativo do cartão de crédito são apenas a primeira vitória de uma longa cruzada contra os juros no país. Leia na Gazeta do Povo| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

As razões para as altas taxas de juros no Brasil podem ser divididas entre aquelas de natureza macroeconômica, como a saúde fiscal do país, e aquelas relacionadas ao próprio sistema, como o chamado spread bancário. A reportagem da Gazeta do Povo conversou com economistas e outros especialistas sobre o tema. Não há consenso entre as fontes sobre todos esses itens, mas eles estão presentes na maioria das análises.

Siga a Gazeta do Povo no Linkedin

Leia mais sobre Finanças Pessoais

Brasil declara guerra contra os juros, mas vitória não virá fácil nem rapidamente

Entenda melhor algumas das razões para os juros altos no Brasil e o que pode mudar com a atual equipe econômica:

Razões macro

Selic

É a base das transações financeiras do país, embora não responda sozinha pelo alto peso das taxas. É muito alta quando comparada às taxas de outros países. E isso é um problema, principalmente, porque é em cima dela que os bancos vão definir as taxas dos financiamentos e empréstimos. Se a taxa já começa de uma base alta, as taxas serão altas.

The Economist ilustra a economia brasileira como um balão em ascensão

Com a inflação em queda, a expectativa é de que o Conselho Monetário Nacional possa continuar reduzindo a Selic sem grandes impactos em investimentos e na remuneração dos títulos públicos. Mas mesmo com a previsão de que chegue a 4,5%, a inflação no país é alta em comparação com outros países. Ou seja, para uma situação mais estável que dê sustentação para uma Selic baixa, com inflação sob controle e receitas e empregos em alta, ainda levará um bom tempo.

Risco Brasil

Está relacionado à saúde fiscal do país, à capacidade de honrar seus compromissos, dentro e fora de seu território, e também de ser um bom alvo de investimentos. Desequilíbrios fiscais e políticos são os principais calos do Brasil nesse item.

Depende de medidas polêmicas para colocar a situação fiscal do país nos trilhos, como, por exemplo, as reformas da previdência e trabalhista. A PEC do Teto, que impôs um limite aos gastos públicos no país nos próximos anos, ajudou a dar um recado positivo para o mercado como um todo. Mas se as reformas não forem feitas ou forem mal feitas, nada mudará.

LEIA MAIS sobre Finanças Pessoais

Novas regras do rotativo do cartão podem elevar pagamento mínimo da fatura

Bancos “perseguem” clientes para convencê-los a usar o FGTS inativo para pagar contas ou poupar

Razões do próprio do sistema

Inadimplência

É, talvez, a razão mais conhecida para as altas taxas de juros no país. A redução de item passa por questões macro, como a diminuição da taxa básica de juros em si e a criação de empregos, mas também por algumas soluções pontuais. Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, cita duas possíveis e presentes no conjunto de medidas do governo: a criação do cadastro positivo, que evidenciará os bons pagadores e poderá facilitar a execução de garantias; e a reforma da lei de falências das empresa. “Um levantamento da Serasa mostrou que apenas 23% das empresas que usam a recuperação judicial realmente evitam a falência. Mas a reforma da lei ainda deve demorar. Acredito que apenas o cadastro positivo tenha condições de sair do papel neste ano”.

Crédito direcionado e compulsórios

Os depósitos compulsórios são uma forma do Banco Central controlar a quantidade de dinheiro na economia. Os bancos precisam depositar parte dos recursos captados dos clientes em depósitos à vista, a prazo ou poupança, numa conta do BC. Em 2015, o BC reduziu as exigências para o depósito à vista, mas apertou aqueles de poupança ao destinar parte deles para custeio do PAC. Na prática, os bancos tentam compensar essas obrigações compulsórias e a regulação do crédito direcionado, como no caso da habitação, nas taxas das demais modalidades de crédito. É o chamado subsídio cruzado. A ofensiva do CMN no rotativo do cartão é uma tentativa de minar umas dessas modalidades de maior lucro para os bancos. De 2007 para cá, a proporção do crédito direcionado no total de crédito bancário passou de 35,6% para 50,1%, em grande parte devido ao uso dos bancos públicos como agentes de políticas anticíclicas e ferramentas de fomento. O BC está estudando esse quadro para propor mudanças.

Concentração de mercado

Ainda que o surgimento das fintechs venham a incomodar um pouco esse mercado altamente concentrado, é responsabilidade do governo regular o setor de modo a criar mais opções para o consumidor. Lançar iniciativas como a do Tesouro Direto, criado em 2002, pode ser uma maneira de inovar e mexer com o mercado.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]