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Pedro Guimarães, sócio fundador e CEO da Fiduc, lançada em fevereiro de 2017. | Divulgação/
Pedro Guimarães, sócio fundador e CEO da Fiduc, lançada em fevereiro de 2017.| Foto: Divulgação/

Um mercado de bilhões de dólares nos Estados Unidos e no Reino Unido, o chamado family office ou modelo fiduciário de gestão de patrimônio ainda é pouco conhecido no Brasil e é geralmente relacionado a grandes fortunas. Lançada há cerca de um ano, a Fiduc quer popularizar esse modelo no Brasil.

Segundo o sócio fundador e CEO da Fiduc, Pedro Guimarães, ex-CEO da Conspiração Filmes, a fintech foi inspirada na empresa britânica St. James’s Place, gestora que hoje tem mais de 96 bilhões de libras sob sua tutela e mais de 200 mil clientes. Alan Simons, ex-executivo da empresa britânica, inclusive, é conselheiro da Fiduc.

A Fiduc oferece fundos de cotas (FICs) de renda fixa, multimercado, renda variável e também previdência, montados a partir da alocação em gestores selecionados por dois comitês de investimentos. Esses comitês são formados por co-gestoras, empresas maiores e mais tradicionais que a Fiduc, como a Icatu Vanguarda.

São empresas que ajudam na tomada de decisão de onde alocar o dinheiro e em que proporção, mas não que não têm incentivo econômico para vender seus próprios produtos aos clientes da fintech. “A gente compra a inteligência deles. Eles até podem sugerir produtos próprios, mas precisam zerar a taxa de administração”, ressalta Guimarães. Com isso, os clientes da fintech têm acesso a uma carteira de mais de 20 gestores e uma centena de ativos.

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O modelo de gestão fiduciária se baseia, basicamente, no fato de o associado ou gestor direto ganhar junto com o cliente e perder junto com o cliente, diferente do que acontece no modelo transacional, de corretoras e bancos de investimento, em que corretores e gestores ganham em cima de metas. No caso da Fiduc, o cliente paga 1,5% do patrimônio investido ao ano à empresa (0,5% fica com cada associado, que é também sócio da empresa, 0,3% para o comitê de investimento e 0,7% para a empresa como um todo, que assume todos os custos).

“Assim a gente recupera algo que foi esquecido no mercado transacional: tantos os nossos sócios, quanto os nossos comitês de investimentos, que são quem realmente cuida do patrimônio da família, são, também, os que ganham mais por isso. Além disso, acabamos com o pressuposto da ignorância. No mercado transacional as empresas partem de uma lógica inversa. A corretora te oferece um investimento com retorno de 115% do CDI, mas você não sabe se ela não está ganhando 140%. No nosso mercado a transparência é fundamental porque a única coisa que a gente ganha é a taxa de serviço. Se você perder, nós perdemos também”, explica Guimarães. “Em qual modelo você acha que um eventual erro vai ser corrigido primeiro?”, provoca o CEO da Fiduc.

Embora Guimarães não goste de dizer que há uma “linha de corte” para ser cliente da Fiduc, ele comenta que dificilmente alguém que tem algo como R$ 5 mil (valor mínimo para a maioria das aplicações) ou R$ 10 mil precisará de ajuda para gerir o patrimônio. “Mas o mais importante é que nunca negamos atendimento a ninguém que nos procurou”.

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Vários clientes já procuraram a empresa via site e telefone, mas a responsabilidade de trazê-los é mesmo dos sócios, em sua maioria ex-bancários que procuraram a fintech porque desejam trabalhar de uma outra forma, mais independente. Hoje, a Fiduc tem mais de 130 associados, em nove estados, com meta de chegar a 1.000 em 2020, ano em que também prevê atingir o break-even. “Até lá, já teremos alguns milhares de clientes”, comenta Guimarães.

Parceiros de peso

Para tirar a empresa do papel, Guimarães aplicou, em fevereiro de 2017, um pouco de capital próprio e de outros nomes de peso do mercado brasileiro, num total de R$ 5,5 milhões de investimento. Entre os acionistas da Fiduc estão Ana Maria Diniz (filha mais velha de Abílio Diniz, presidente do conselho do Instituto Península e uma das fundadoras do Movimento Todos pela Educação), Reinaldo Nogueira (do BTG Pactual) e André Porto (ex-sócio do BTG), Pierre e Nicolas Landolt (da Axial, holding de investimento privada focada em agritechs, startups de agronegócio), Guilherme Horn (fundador da Ágora e da Órama), além dos sócios da Vectis Parners, companhia de investimentos de Paulo Lemann (filho de Jorge Paulo Lemann e fundador da Pollux Capital), Sergio Campos (também fundador da Pollux), Patrick O’Grady (ex-sócio do Pactual e da XP Asset) e Alexandre Aoude (ex-presidente do Deutsche Bank Brasil) e Sergio Campos (também fundador da Pollux).

Na prática, a Fiduc se divide em duas empresas, uma planejadora e outra gestora, por isso o papel de alguns dos acionistas citados é especialmente importante. Ana Maria Diniz, por exemplo, está por trás do próximo passo da empresa de lançar uma plataforma de educação financeira para seus clientes e sócios.

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