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Joana Pereira, do FMI (E); Carlos Mussi, da Cepal (D) e Isabel Rata, conselheira econômica da embaixada da Espanha no Brasil
Joana Pereira, do FMI (E); Carlos Mussi, da Cepal (D) e Isabel Rata, conselheira econômica da embaixada da Espanha no Brasil| Foto: Divulgação

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou a projeção de crescimento do produto interno bruto (PIB) do Brasil de 0,8%, em julho, para 0,9%, nesta terça-feira. Para 2020, no entanto, a previsão caiu de 2,4% para 2%, informou a instituição no relatório “Desaceleração global da manufatura, barreiras comerciais em elevação”. O país segue a tendência da América Latina, que deve registrar expansão de 0,2% este ano e de 2,4% em 2020.

No Seminário Latam da Câmara Espanhola, em São Paulo, Joana Pereira, representante do FMI no Brasil, afirmou que o país vive um lento processo de recuperação, mas deve engatar um crescimento acima de 1% a partir de 2020.

Os desafios, contudo, vão “além da reforma da previdência”: incluem solucionar problemas fiscais e fazer o país crescer de forma estrutural e sustentável — sem agredir o meio ambiente e aumentar a desigualdade social. “O que pode atrapalhar o avanço do país [a partir de 2020] são conflitos externos, principalmente os do Brexit”, acrescentou.

A economista portuguesa ressaltou também que a má qualidade da infraestrutura brasileira e o excesso de burocracia no comércio exterior atrasam o desenvolvimento do país.

“A América Latina, com exceção do Chile, tem uma infraestrutura ruim, mas o Brasil tem um nível muito inferior. Além disso, o país é o mais fechado em termos comerciais do G-20.”

Joana Pereira, representante do FMI no Brasil

Ao lado de Joana no painel, Carlos Mussi, diretor do escritório da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) em Brasília, apresentou um cenário mais pessimista para o Brasil: um crescimento de 0,8% este ano e queda no investimento da América Latina como um todo, principalmente no setor público. “Exportamos apenas mão de obra e recursos naturais. Estamos muito longe de enviar manufatura e tecnologia para fora do país”, avaliou.

Desemprego e informalidade

De acordo com o diretor da Cepal, a taxa de desemprego do Brasil caiu para 11,8% no último trimestre, porém o subemprego e a informalidade ganharam relevância. “O governo propõe aumentar salários e produtividade, mas não podemos esquecer que fazemos parte da América Latina, que tem uma economia heterogênea, desigualdades regionais e uma estrutura de comércio exterior ainda primitiva”, analisou Mussi.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 41,4% da população ocupada do país vive na informalidade. Essa é a maior proporção desde 2016, quando o indicador passou a ser divulgado. Dos 684 mil profissionais que encontraram emprego no trimestre, 87,1% foram no mercado informal.  Nesse grupo, estão inclusos trabalhadores sem carteira assinada, sem CNPJ e sem remuneração (auxiliam em trabalhos para a família).

“Comparo a economia do Brasil à aviação. A grande depressão se assemelha ao acidente da Air France em 2009, que ocorreu por falha de pilotagem. Houve tantas políticas econômicas no governo Dilma, que os agentes não acreditaram e a economia caiu. Hoje, vivemos a crise do 737 Max da Boeing. Quando tentamos decolar, algo nos puxa para baixo, como a demora para aprovação da reforma da previdência e a economia internacional”, comparou Mussi, da Cepal.

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