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Interrupção

Mercedes-Benz vai parar produção por mais de um mês

Agência O Globo

Com as vendas no mercado interno encolhendo 15% e as exportações despencando 50%, a Mercedes-Benz decidiu paralisar totalmente as suas duas fábricas de caminhões e ônibus no final do ano. Entre o início de dezembro e o dia 6 de janeiro, os 10 mil empregados da unidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, e os 750 da fábrica de Juiz de Fora (MG) estarão todos em férias coletivas e nenhuma área de produção funcionará. Nem em 2009, auge da crise internacional, a montadora havia parado totalmente nesse período do ano.

"Vamos fechar em dezembro",disse ontem o presidente da Mercedes-Benz do Brasil, Philipp Schiemer. Por causa da retração do mercado, a fábrica da Mercedes no ABC opera há meses com um excedente de 1.700 empregados. Por isso, 1.200 deles estão há meses em licença não remunerada (lay-off). As licenças vencem no início de novembro e a empresa negocia com o sindicato a renovação.

A crise na produção fez o parque industrial do país demitir funcionários pelo quinto mês consecutivo. Como resultado, a indústria atingiu em agosto o menor número de assalariados dos últimos dez anos. O total de ocupados no setor hoje é 7,7% menor do que o pico histórico registrado em junho de 2008, segundo os dados da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

INFOGRÁFICO: Confira os dados do índice de emprego industrial no mês de agosto

A força de trabalho praticamente se equipara à de uma década atrás, de janeiro de 2004. "É o pior patamar do emprego industrial em dez anos, superando até o período de crise, que teve seu pior momento em junho de 2009, quando o pessoal ocupado estava 7% abaixo do recorde histórico", ressaltou o economista Rodrigo Lobo, pesquisador da Coordenação de Indústria do IBGE.

O número de horas pagas aos trabalhadores em agosto foi o mais baixo da série histórica da Pimes, iniciada em 2001. O total de horas está 9,9% aquém do pico registrado em setembro de 2008. O indicador é considerado um antecedente do emprego, pois os empresários costumam cortar a jornada dos empregados antes de efetivar mais demissões.

A deterioração da ocupação na indústria já se reflete em outros setores, na medida em que resulta em perda de renda. "Quem trabalha na indústria corta cabelo, faz compras. O corte de vagas afeta a renda dos trabalhadores, que afeta os serviços e o comércio. A crise na indústria não é isolada, ela vai se espraiando", avaliou Rogério César de Souza, economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

Efeito

De outubro de 2013 a agosto de 2014, a produção da indústria brasileira encolheu 5%. Nesse mesmo período, a população ocupada no setor diminuiu 3,1%, enquanto as horas pagas aos trabalhadores foram reduzidas em 3,8%. "Os números dão um pouco a entender por que o mercado de trabalho na indústria está respondendo de forma negativa. Embora a produção tenha se recuperado nos últimos dois meses, o mercado de trabalho demora a responder, o efeito é defasado. O cenário ainda é de queda", avaliou Lobo.

Apenas nos últimos cinco meses, o total de assalariados já diminuiu 2,9%. Na comparação com agosto do ano passado, a queda chegou a 3,6%, a 35.ª taxa negativa consecutiva.

Retração

Paraná lidera queda do emprego industrial em agosto e no ano

Renan Colombo

O Paraná é o estado brasileiro com a maior queda no índice de emprego industrial em agosto deste ano, na comparação com agosto de 2013. O recuo é de 5,2%, acima da média nacional (- 3,6%). Foi a 13.ª queda consecutiva do índice no Paraná, nesse tipo de comparação. O estado também lidera, ao lado do Rio Grande do Sul, a queda acumulada do indicador neste ano (até agosto): 4,1%, acima da média brasileira (- 2,7%).

Quinze dos 20 setores industriais do Paraná tiveram queda no índice de emprego em agosto, em relação ao mesmo mês de 2013. Em quatro deles, o recuo foi superior a 10%: máquinas e aparelhos elétricos, eletrônicos, de precisão e de comunicações (- 30,63%), fabricação de outros produtos da indústria de transformação (- 12,83%), vestuário (- 11,66%) e metalurgia básica (- 10%).

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