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Os noivos europeus têm o costume de vestir trajes claros para a cerimônia de casamento, como ternos brancos ou beges. Quando o engenheiro francês Jèrèmy Dupont, de 26 anos, chegou de mudança para o Brasil, em 2014, para casar-se com a noiva curitibana, que conheceu em viagem para a Itália, teve dificuldades para encontrar o terno ideal para o grande evento. Ele notou que as lojas brasileiras não ofereciam mais do que três tipos de cortes e cores, sempre escuras. Sentiu falta de acessórios também. Um conceito muito diferente do que estava acostumado a ver no mercado europeu, mais familiar até então. Ele precisou voltar a Paris para encontrar o modelo do jeito que queria.

O obstáculo, porém, serviu de inspiração para ele abrir um negócio inovador em seu novo endereço e definir seu caminho profissional no país. Dupont enxergou no brasileiro um público potencial para trazer o modelo de costumes europeus, reconhecido por seu corte impecável e pela alta qualidade. “O ideal seria que tivesse qualquer cor, não somente azul, cinza ou preto. Na Europa se casa muito de branco e tem ainda os detalhes, como a lapela.”

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Em 2016, Dupont lançou a Paris Ternos, uma loja virtual de trajes masculinos feitos sob medida, com a intenção de trazer ao mercado brasileiro as tendências fashion europeias com maior rapidez. “O que é moda lá fora chega muito mais tarde à América do Sul. Aqui as pessoas se casam com o mesmo terno que usam para trabalhar”, comenta. O empresário aponta o corte do smoking, por exemplo, como uma opção em alta. Ele destaca ainda a moda da gravata borboleta, do colete e das abotoaduras nas cerimônias. “Na França, todos os noivos estão usando abotoaduras para casar. Por aqui não é comum, não é visto ainda como algo moderno.”

Jèrèmy Dupont, 26 anos, com um dos ternos de sua loja.Divulgação

Os trajes da Paris Ternos são feitos sob encomenda – há mais de dez tamanhos universais, além dos especiais, feitos sob medida, sem limite de idade, peso ou altura. Os tecidos usados são, na maioria das produções, lã e viscose, pela garantia de alinhamento e corte aos modelos, que podem ser personalizados de acordo com as exigências de cada perfil. Para realizar o pedido, o cliente informa cor, tecido e de oito a dez tipos de medidas, como peso e altura. Com uma ajuda estatística o site calcula o manequim e o pedido pode ser finalizado em cinco minutos.

Confirmado o pagamento, começa a confecção do produto, feita por um dos três alfaiates que prestam serviços para a marca em Paris. São dez dias para a produção das peças e mais 15 para chegar ao endereço no Brasil. Se for um item de estoque, leva de 2 a 10 dias, dependendo da localização de destino. “Na grande maioria dos casos o traje chega no tamanho perfeito”, garante. Se for necessário algum pequeno ajuste, situação rara, segundo Dupont, a marca tem alfaiates parceiros nas capitais brasileiras, que podem realizar o serviço com as mesmas garantias.

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Se o cliente preferir, o traje pode ser reenviado gratuitamente ao atelier em Paris, o mesmo valendo para casos de troca, dentro de um prazo de 7 dias. Dupont não informa previamente, mas os clientes costumam ser mimados ao receberem os pacotes. “Sempre damos uma gravata e se ele compra uma camisa, leva as abotoaduras de brinde.”

E-commerce mira público AB com preços competitivos

A Paris Ternos tem trajes para noivos e convidados a partir de R$ 499, além de oferecer camisas, sapatos, gravatas e acessórios. A marca disputa mercado, indiretamente, com grandes do varejo, que oferecem produtos semelhantes a um público AB, porém em lojas físicas ou peças de padrão a pronta entrega, por quase metade do preço. Dupont garante que consegue vender por R$ 12 mil o mesmo terno que sairia por R$ 20 mil na concorrência, um dos motivos para não investir em uma loja física.

“O custo para manter o espaço é muito alto. O valor do terno subiria muito, mas mesmo assim não seria tão alto como nas outras lojas”, afirma. No Brasil acontece apenas a distribuição dos costumes. Não apenas a confecção, mas toda a matéria-prima e tecnologia é de fora do país. Os tecidos são originários da Inglaterra, França e Itália, e usados na produção de cerca de 300 ternos por mês.

Além dos três alfaiates, a equipe tem 20 pessoas que atuam como representantes da marca, para a comercialização em lojas físicas brasileiras. Hoje a Paris Ternos está em seis, localizadas em Aracajú, Brasília, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo. No escritório, em Curitiba, fica Dupont e mais uma pessoa, que dá suporte administrativo. E é o próprio dono quem faz a última inspeção dos pacotes, antes de concluir a remessa.

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Apesar de serem locais de temperatura bastante elevada, a maioria dos clientes do e-commerce, 80%, está nas regiões Centro-Oeste e Nordeste do país. Em áreas menos centralizadas, justifica Dupont, a oferta de ternos é muito limitada. “Ao invés de viajar 200 quilômetros para ir a uma loja, as pessoas preferem comprar pela loja virtual e receber em casa, a um custo bem mais atraente.” Além de muitos noivos, há muitos advogados, executivos e médicos entre os clientes, que compram peças para uso no dia a dia.

Meta é faturar primeiro milhão em 2018, com carteira de 3 mil clientes

A meta para 2019 é expandir para o mercado de revendas pelo país, que hoje representa 50% do faturamento da marca. “O objetivo é chegar a 80% e estar em pelo menos 30 pontos no ano que vem.” A estimativa é fechar o ano de 2018 com um volume de R$ 1 milhão em vendas, 100% a mais do que no ano passado, com uma carteira de 3 mil clientes, e dobrar a meta a cada ano.

O centro de distribuição da Paris Ternos fica em Curitiba e prepara mudança para os próximos meses para um local maior. Vai para um espaço de 100 metros quadrados em um imóvel comercial da capital paranaense, que terá ainda showroom e atelier para provas e ajustes.

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