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Amos Genish, fundador da GVT | YC/PA/YASUYOSHI CHIBA
Amos Genish, fundador da GVT| Foto: YC/PA/YASUYOSHI CHIBA

O ex-CEO da operadora Telecom Italia, Amos Genish, disse ter sido alvo de um “golpe” por parte da gestora de recursos norte-americana Elliott, que controla o conselho de administração. Genish, fundador da brasileira GVT, foi demitido na última terça-feira (13) da Telecom Italia, dona da brasileira TIM.

A saída ocorreu poucos dias depois da divulgação dos resultados da empresa no terceiro trimestre, que mostraram um prejuízo acumulado de 800 milhões de euros nos nove primeiros meses de 2018. O resultado se deve à decisão do conselho, tomada na ausência de Genish, de desvalorizar o aviamento (lucro potencial) da TIM em 2 bilhões de euros. O conselho da Telecom Italia é comandado pela gestora Elliott.

“Enquanto estava no meio de uma viagem de trabalho à Ásia para falar de 5G e depois de o presidente [Fulvio Conti] ter me garantido que não haveria um conselho de administração, eles convocam a reunião e fazem um verdadeiro golpe soviético contra mim”, disse Genish ao jornal La Stampa.

O executivo estava no cargo desde julho de 2017, indicado pelo grupo francês Vivendi, principal acionista da TIM, mas que perdeu uma disputa com a Elliott pelo controle do conselho de administração, em maio passado. Segundo Genish, a gestora norte-americana “conduziu uma campanha secreta para desestabilizar a empresa”.

“Podemos nos perguntar se tudo não se deve às duas filosofias que empurram a TIM. Uma é aquela de quem quer o fatiamento da empresa para vender os pedaços, como a Elliott sempre declarou. A outra é aquela de quem, como eu, imagina um grupo industrial integrado e orientado ao pleno aproveitamento do potencial tecnológico a partir do 5G”, acrescentou.

Na entrevista, Genish afirmou que essas duas visões sempre se enfrentaram na operadora. “Era impossível trabalhar, a Elliott sempre me prometeu apoio, mas nunca o deu”, ressaltou. A gestora norte-americana não se pronunciou sobre as declarações do ex-CEO da TIM.

O conselho de administração da empresa italiana se reunirá no próximo dia 18 de novembro para definir o substituto de Genish, mas a Vivendi deseja convocar uma nova assembleia de sócios para tentar retomar o controle da companhia.

Trajetória

Israelense radicado no Brasil, Amos Genish se notabilizou no mercado nacional ao fundar a GVT, em Curitiba, no final da década de 1990, aproveitando o período de privatização do setor de telecomunicações para entrar no segmento de telefonia fixa.

Nos anos seguintes, Genish transformou a operadora paranaense em um dos principais players do setor. Em 2009, o executivo vendeu 57,5% das ações da empresa à Vivendi e acabou assumindo a liderança da Telefônica (dona da Vivo), no Brasil. Ele saiu da empresa em 2017, mesmo ano em que assumiu como CEO global da Telecom Italia, na Itália.

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