Em recente visita ao Brasil, Robert Shiller alertou para a probabilidade de que exista uma bolha no mercado imobiliário do país. O professor de finanças comportamentais da Universidade de Yale - e agora um dos ganhadores do Nobel de Economia de 2013 - afirmou que um dos principais indicadores da existência da bolha era o fato de os preços no Rio de Janeiro e em São Paulo terem dobrado nos últimos cinco anos. Shiller, em 2005, previu a bolha imobiliária dos "subprimes" nos Estados Unidos - que levou à crise financeira internacional de 2008.
"Algo não está correto nisso. O que pode ter acontecido para justificar uma variação tão grande de preços?", questionou Shiller, lembrando que o Brasil não experimenta uma explosão de crescimento econômico, ao contrário.
Em palestra na cidade de Campos do Jordão (SP), o cocriador do índice de preço de imóveis S&P/Case-Shiller usou dados sobre os preços de imóveis de 1890 para identificar a eminência de explosão da bolha imobiliária nos Estados Unidos. Questionado se o fato de o Brasil estar se guiando por um período de pouco mais de dez anos apenas não seria uma amostra muito restrita para tal alerta, Shiller argumentou que em economia nem sempre se pode fazer experiências por longos períodos, como na medicina, e disse: "Não tenho prova objetiva de que há uma bolha aqui, mas existe indicação de que algo acontece. De fato, não sei se há bolha no Brasil, mas suspeito que sim".
"Vamos supor que haja uma bolha aqui, se há ela talvez produza uma fraqueza na economia, mas não vai ser um desastre", disse, citando o Japão que, na década de 1990, teve uma bolha imobiliária que em duas décadas consumiu dois terços dos preços dos imóveis, mas hoje se recuperou.
Perguntado sobre o que o governo poderia fazer para evitar que essa suposta bolha eventualmente exploda, Shiller sugeriu como primeira medida alertar o mercado sobre tal risco. Depois, agir para para remover as barreiras para a expansão da indústria da construção. E, finalmente, adotar "mais responsabilidades" na concessão de créditos para a compra de imóveis.
Mesmo sob o argumento de que Rio e São Paulo são apenas uma parte do mercado imobiliário brasileiro, Shiller não recuou: "Suponho que Rio e São Paulo são os casos mais dramáticos, porque são as principais cidades do país."
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