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“Não são pequenas as chances de haver uma revisão para baixo nos preços da gasolina e do óleo diesel.” Fábio Romão, analista da LCA Consultores | Carlos Barrio/EFE
“Não são pequenas as chances de haver uma revisão para baixo nos preços da gasolina e do óleo diesel.” Fábio Romão, analista da LCA Consultores| Foto: Carlos Barrio/EFE

Petrobras mira no longo prazo

A Petrobras vem adotando a política de manter os preços da gasolina e do óleo diesel estáveis. Reajustes só saem quando fica claro que há um novo patamar de custos para a companhia.

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  • Veja os reajuste que o óleo diesel e a gasolina sofreram de 2004 até agora

Analistas do mercado financeiro começam a trabalhar com a possibilidade de os preços da gasolina e do óleo diesel serem reduzidos pela Petrobras no primeiro semestre de 2009. A retração na cotação do petróleo, que começou em julho, já derrubou os valores internacionais dos derivados. Assim, os preços praticados no mercado interno ficaram mais altos do que no exterior, o que pode levar a estatal a rever sua tabela.

De acordo com especialistas no setor, o preço da gasolina nas refinarias brasileiras ficou pelo menos 30% mais alto do que no mercado internacional. O Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE) chegou a divulgar um cálculo segundo o qual esse combustível no Brasil estaria custando 57% mais do que nos Estados Unidos, onde o mercado reflete de perto as oscilações na cotação do petróleo. A conta, porém, não leva em consideração as diferenças de custos logísticos e operacionais entre os dois países. No caso do óleo diesel, o desalinhamento é menor, entre 10% e 15%. Não há estimativa, porém, de quanto os preços poderiam ser reduzidos.

"Não são pequenas as chances de haver uma revisão para baixo nos preços da gasolina e do óleo diesel", afirma Fábio Romão, analista da LCA Consultores. Segundo ele, o preço médio do barril do petróleo em 2008 ficará em torno de US$ 101, enquanto as projeções para 2009 indicam um valor médio de US$ 75. Dependendo de como se comportar a economia mundial, é possível que a cotação fique ainda mais baixa. Neste ano, o preço do barril chegou a cravar sua marca histórica mais alta, de US$ 147, em julho. Agora, está abaixo de US$ 60.

O governo deve esperar até o começo de 2009 para dar o sinal verde a uma redução no preço dos combustíveis. Isso porque as duas variáveis que mais pesam na decisão – a cotação do petróleo e o câmbio – ainda refletem o pânico recente nos mercados financeiros. "Há a sinalização de que haverá redução se os preços internos ficarem muito longe do mercado internacional por alguns meses", afirma Andres Kikuchi, analista da corretora Link. "É bom esperar para ver como o mercado vai se comportar com os cortes de produção de petróleo e se o dólar volta para perto dos R$ 2 como o mercado está prevendo."

Além de embolsar um ganho político nada desprezível, o governo reduzirá a pressão inflacionária em 2009 se optar por reduzir os preços. "A Petrobras é uma empresa de capital misto e por isso o governo tem influência para usá-la como um fator de ajuste na política monetária", afirma Marco Saravalle, analista da corretora Coinvalores. Uma queda no preço da gasolina teria impacto direto sobre o IPCA, índice que baliza a meta de inflação do Brasil. O diesel tem influência indireta, mas forte, já que é insumo para o setor de transportes e pesa sobre toda a economia.

A meta de inflação do Brasil é de 4,5%, com margem de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo. Neste ano, o mercado projeta uma aceleração de preços perto do teto da meta, ou 6,5%. Para 2009, a estimativa ainda está acima do centro do alvo, em torno de 5,2%. "O Banco Central tem a intenção de puxar a inflação para a meta. Uma combinação de ritmo da atividade menor, câmbio mais estável e combustíveis mais baratos facilitaria o trabalho", diz Fábio Romão, da LCA. Assim, o BC não precisaria subir ainda mais os juros em 2009 para controlar os preços.

Estabilidade nas bombas

Nos últimos três anos, o consumidor experimentou um momento de estabilidade raro: os preços dos combustíveis variaram muito pouco. De acordo com dados referentes ao Paraná da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que coleta os valores praticados nos postos, a gasolina teve um aumento irrisório, de 0,3%, de novembro de 2005 até a semana passada. O combustível custa hoje, em média, R$ 2,46, contra R$ 2,44 há três anos. A variação no preço do álcool foi negativa, de -0,3%. O preço nas bombas passou de R$ 1,47 para R$ 1,46. O óleo diesel subiu mais, cerca de 12%, porque não houve redução de impostos sobre o produto, como ocorreu com a gasolina em abril deste ano. Assim, o valor nos postos subiu de uma média de R$ 1,83 para R$ 2,07.

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