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O aumento dos juros e a adoção de medidas para travar o crédito, adotadas no início de 2011, tiveram efeito retardado sobre o mercado de trabalho formal, fazendo com que o setor perdesse o ritmo de crescimento ao final do primeiro ano do governo Dilma Rousseff. Além disso, a piora da crise mundial contribuiu para que o país não chegasse nem a 2 milhões de novas vagas e atingiu em cheio setores vulneráveis ao comércio externo, como calçados e têxteis.

No ano passado, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, foram criados 1,944 milhão de empregos, o que representa uma redução de 23,5% em relação à criação recorde de vagas vista em 2010 (2,543 milhões). Mesmo assim, o resultado de 2011 foi o segundo melhor da história.

A desaceleração da abertura de postos afetou todas as regiões e todos os setores. O maior baque foi sentido no setor de confecções, que, ao longo do ano, mais demitiu que contratou funcionários. O governo já se deu conta do problema e prometeu lançar medidas que incentivem especificamente o setor.

A piora do desempenho do emprego foi acentuada em dezembro, quando o saldo ficou negativo em 408 mil postos. O dado, entretanto, não é uma surpresa, pois nos meses de dezembro sempre há mais desligamentos do que contratações. Para o Ministério do Trabalho, o resultado negativo no último mês do ano é uma soma de vários fatores, como entressafra agrícola, término do ciclo escolar e até esgotamento da "bolha de consumo".

Perspectivas

"Os números do Caged mostram o efeito defasado das medidas macroprudenciais para conter o crescimento do crédito, assim como a elevação da taxa de juros, no mercado de trabalho", avalia o economista da LCA Consultores Fabio Romão. Ele espera que a retomada do crescimento econômico e a queda dos juros ajudem na recuperação do mercado de trabalho, principalmente na indústria. "A minha projeção é de um ano melhor a partir do segundo trimestre", diz.

O economista da CM Capital Markets Mauricio Nakahodo também aposta na recuperação gradual do mercado nos próximos meses. Ele cita como "propulsores" o afrouxamento dos juros e medidas de estímulo ao crédito e ao consumo. Para a equipe do BNP Paribas, o mercado de trabalho continuará robusto neste ano e poderá até pressionar os salários e a inflação de serviços.

No ano passado, os salários médios de admissão subiram 3,1% acima da inflação, conforme o Caged. De 2010 para 2011, os valores subiram de R$ 888,89 para R$ 916,63. Desde o início do governo Lula, em 2003, o avanço real do salário médio de admissão foi 33,1%.

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