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Brasília (das agências) – O governo federal vendeu R$ 3,4 bilhões (US$ 1,5 bilhão) em sua primeira captação com títulos de dívida externa atrelados ao real, segundo divulgou ontem, em nota oficial sobre a operação, o Tesouro Nacional. O dinheiro será utilizado para honrar a dívida do governo brasileiro no exterior. Esses recursos também ajudarão o governo a se precaver de um possível contágio na economia da crise política, iniciada em junho.

A operação é inédita porque até então o investidor estrangeiro só comprava papéis brasileiros no exterior em moedas fortes – como dólar, euro e iene. Ou seja, se não estivesse dentro do país, o investidor não assumia o risco cambial brasileiro. Quem aplicou nos papéis brasileiros na emissão realizada ontem terá uma taxa de retorno de 12,75% ao ano até 2016, data do vencimento do título. Os pagamentos de juros acontecerão nos dias 5 de janeiro e 5 de julho de cada ano.

A taxa ficou acima da média das últimas operações realizadas pelo Brasil por conta do risco cambial – para compensar as eventuais variações da moeda nos próximos anos. Para o Brasil, a emissão atrelada ao real permite o endividamento sem se associar ao risco das moedas estrangeiras, cuja administração foge a seu controle interno. Para o investidor estrangeiro, a operação também é interessante porque o dólar e o euro estão fracos no mercado internacional – e o real não.

Ineditismo

Empresas privadas, como o banco Votorantim, já haviam realizado emissão de títulos em reais, mas isso nunca foi feito pelo governo. A emissão de títulos denominados em reais não significa que os investidores estrangeiros terão de comprar reais para adquirir os papéis. No dia da liquidação da operação eles pagarão em dólares o equivalente em reais ao valor dos títulos comprados. O mesmo irá ocorrer no vencimento dos títulos – receberão em moeda estrangeira convertida pela cotação do dia.

A operação começou a ser estruturada na semana passada, quando o Tesouro decidiu que os bancos JP Morgan e Goldman Sachs iriam liderar a emissão. Além disso, o Itaú foi escolhido como "co-manager". O governo decidiu fazer essa captação agora para aproveitar o bom momento que vive no mercado internacional. O risco-país brasileiro está em torno de 370 pontos, patamar similar ao de 1997.

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