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Governo revê projeções para a economia e agora prevê menos PIB e mais inflação
| Foto: Hoana Gonçalves/ME

O governo federal anunciou nesta quarta-feira (17) suas novas projeções para a economia em 2021 e 2022. A expectativa agora é de crescimento econômico um pouco menor e inflação mais alta, em comparação ao que a equipe econômica esperava dois meses atrás.

A estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021 foi reduzida de 5,3% para 5,1%, e a de 2022 passou de 2,5% para 2,1%.

Em rumo oposto, as previsões para a inflação aumentaram. O governo, que em setembro esperava um IPCA de 7,9% no acumulado do ano, agora prevê 9,7%. Para 2022, a estimativa foi reajustada de 3,75% para 4,7%.

Os dados constam do Boletim Macrofiscal de novembro, publicado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia.

Apesar da revisão, a equipe econômica segue mais otimista que bancos e consultorias em seus cálculos para o PIB. As previsões oficiais para a inflação, por sua vez, são similares às do mercado financeiro.

Por que o governo revisou as projeções para PIB e inflação

Entre os motivos para a revisão na expectativa para o PIB, o boletim cita questões externas e domésticas. Do exterior vêm os efeitos danosos da quebra de cadeias globais – que reduzem a oferta de insumos e a produção industrial – e de crises energéticas, "com forte elevação dos preços na Europa e racionamento na China".

Além de piorar as projeções para o crescimento mundial, esses fatores têm acelerado a inflação, que ao mesmo tempo é pressionada pelo aumento da demanda no mundo todo. Os reflexos aparecem, por exemplo, no elevado preço das commodities, "com destaque para os valores da energia, alimentos e metais industriais", como cita o boletim.

Em relação às questões locais, a SPE afirma que "o principal fator interno para redução das estimativas de atividade é a deterioração das condições financeiras". "Observou-se, nos últimos meses, elevação mais intensa da parte longa da curva de juros", diz o boletim.

A forte alta dos juros futuros – e também da taxa básica, a Selic – foi uma reação do mercado à mudança na regra do teto de gastos anunciada pelo governo. Sob pressão do presidente Jair Bolsonaro, que exigiu um valor de R$ 400 para o Auxílio Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aceitou mexer no índice de correção da principal âncora fiscal.

A mudança será feita por meio da PEC dos precatórios, proposta de emenda constitucional que também busca postergar o pagamento de boa parte das dívidas decorrentes de sentenças judiciais. Nesta semana, Bolsonaro revelou que, além de ampliar o programa social, pretende usar o espaço fiscal aberto pela PEC para conceder reajustes salariais a servidores públicos.

Curto prazo: governo vê desaceleração mas estima alta do PIB no 3.º trimestre

O Boletim Macrofiscal aponta que a atividade econômica perdeu velocidade no terceiro trimestre, em decorrência da retração da indústria e do comércio e da estabilização da produção agropecuária. Por outro lado, aponta o texto, os serviços continuaram crescendo.

Apesar de indicar uma desaceleração da atividade no terceiro trimestre, a SPE prevê um aumento de 0,4% no PIB total em relação aos três meses anteriores – no segundo trimestre, o indicador havia recuado 0,1% em relação ao primeiro.

A equipe econômica calcula que, na comparação entre o terceiro e o segundo trimestres, haverá variação zero no PIB agropecuário e altas de 0,3% na indústria e 1,5% nos serviços.

Ainda segundo o boletim publicado nesta quarta, "indicadores antecedentes e coincidentes mensais mostram que se mantém a trajetória de recuperação da economia" neste quarto trimestre.

Projeções do governo ainda são mais otimistas que as do mercado

As novas expectativas do governo para a inflação estão muito próximas dos cálculos do mercado financeiro. No caso do PIB, no entanto, há uma distância maior, especialmente nos prognósticos para 2022.

Segundo o relatório Focus, do Banco Central, o ponto médio das expectativas de bancos e consultorias para a inflação é de 9,77% em 2021 e 4,79% em 2022.

Para a atividade econômica, o mercado prevê crescimento de 4,88% no PIB neste ano e de apenas 0,93% no próximo.

No boletim, a Secretaria de Política Econômica explicou que sua projeção mais alta para o PIB de 2022, em comparação ao que espera o mercado, "se deve à melhora no mercado de trabalho e no investimento privado, principalmente em infraestrutura".

A secretaria cita a melhora dos números do emprego calculados pela pesquisa Pnad Contínua, do IBGE, e pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia.

"A continuidade da recuperação do mercado de trabalho é um dos fundamentos para o crescimento mais forte da atividade no próximo ano", diz o texto. "Com a continuidade da redução das medidas de distanciamento social e o fortalecimento da atividade, espera-se o retorno dos níveis da força de trabalho e, consequentemente, a elevação do emprego, principalmente no setor informal. Desta feita, maior quantidade de trabalhadores ocasionará nível superior de atividade", explica a SPE.

Segundo a equipe econômica, as perspectivas de investimento dos empresários industriais para os próximos seis meses estão em patamar historicamente alto. Além disso, diz o boletim, "a venda de participação de subsidiárias de estatais e concessões já ocorridas e as ainda em curso ensejam grandes volumes de investimento planejado". "Assim, os investimentos privados devem continuar fortalecendo o crescimento do PIB no ano que vem", diz o boletim.

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