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O saldo comercial negativo de janeiro, de US$ 1,292 bi­­lhão, surpreendeu o Banco Central (BC) e foi o principal responsável pelo déficit em transações correntes maior que o esperado pela própria instituição no mês passado. Em janeiro, o Brasil amargou o pior resultado das contas externas da série iniciada em 1947 – déficit de US$ 7,086 bilhões. O desempenho, porém, não preocupa o BC.

A autoridade monetária mantém a análise de que boa parte da saída de dólares nos últimos meses tem sido motivada pelo sucesso da economia brasileira: empresas e famílias demandam volumes crescentes de produtos e serviços do exterior e, entre as companhias multinacionais, a economia que cresce gera lucros e motiva a remessa de lucros às sedes.

Além disso, o país recebeu US$ 5,4 bilhões em investimento direto no setor produtivo, valor recorde para meses de janeiro e 84% maior que o verificado no mesmo período de 2011. A volta dos estrangeiros à Bolsa de Valores garantiu mais US$ 4,3 bilhões. E o país segue recebendo recursos via empréstimos, emissão de títulos e aplicações em renda fixa.

"Um ponto que devemos frisar é que o perfil do déficit em transações correntes atualmente é diferente. Nas décadas de 80 e 90, boa parte do resultado negativo era gerado pelo pagamento de juros da dívida externa. Essa conta tinha efeito nocivo porque precisava ser paga independentemente do ciclo econômico. Agora, o déficit é gerado por bens e serviços e remessas de lucros e dividendos, que são itens pró-cíclicos", explicou o chefe do departamento econômico do BC, Tulio Ma­­ciel. O envio de rendas para o exterior – como os lucros de investimentos – superou a entrada desses recursos no país em US$ 2,575 bilhões.

Outros carnavais

Maciel argumenta que nos anos 80 e 90 as crises geravam desaceleração da economia e, mesmo com a atividade deprimida, o déficit em conta corrente continuava porque o Brasil precisava pagar juros da dívida externa. Agora, explica, a economia em expansão é o principal motor do déficit. "Quando a economia vai bem, empresas têm lucro maior e remetem volume maior ao exterior. Essa é a diferença fundamental do perfil do déficit ao longo dos últimos anos", disse Maciel.

O chefe do departamento econômico do BC ressaltou que, em termos do PIB, o déficit em transações correntes de 2,17% do PIB no acumulado em 12 meses até janeiro não é um número tão elevado, já que em maio do ano passado o porcentual era maior, de 2,25%. "Em outros carnavais, na década de 80 e até o fim da década de 90, os déficits eram superiores a 4% do PIB, às vezes até próximos de 5% do PIB", disse.

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