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A greve dos auditores fiscais da Receita Federal atrapalha o desembaraço de mercadorias nos portos e aeroportos de todo o país há 47 dias. No Paraná, apesar de consultores em comércio exterior enxergarem prejuízo menor em relação a outros estados – por conta de decisões liminares –, aquelas empresas cuja produção é baseada na importação de insumos amargam perdas de vendas e até de contratos. Os fiscais são os responsáveis por liberar as mercadoria nas aduanas.

"Os problemas no Paraná são bem menores do que nos outros estados, talvez porque os empresários tenham se antecipado ao movimento grevista", acredita o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José de Castro. Mesmo assim, ele lembra que algumas liminares não determinam liberação de carga, apenas que elas sejam priorizadas.

O Porto de Paranaguá soma US$ 500 milhões em cargas paradas, resultado de 1,1 mil operações de importação. Também reúne cargas correspondentes a 900 processos de exportação. São liberadas as cargas perecíveis, perigosas e urgentes, como os remédios. Enquanto isso, as liminares se acumulam: só na última quarta-feira chegaram cinco.

No aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, 85% das cargas estão sendo liberadas sem inspeção, mas o restante provoca reclamações de atraso. E no porto seco de Foz do Iguaçu, onde os auditores estão em greve desde o dia 15 de maio, 700 caminhões aguardam a destinação das cargas.

O coordenador de comércio exterior da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Ardisson Akel, recebe reclamações constantes de empresas com problemas para importar e exportar, apesar da liminar conseguida pela entidade no dia 15 de maio. "É impossível quantificar as perdas, mas elas envolvem interrupção de linhas de montagem, antecipação de férias aos funcionários, cancelamento de vendas pela impossibilidade de embarcar a carga ou multas por atraso no envio", revela.

Ele destaca o grande prejuízo das indústrias que operam no sistema "just in time", que prevê a chegada de peças exatamente no momento em que serão utilizadas na linha de montagem. É o caso da fabricante de equipamentos para automação comercial Bematech. A dificuldade dos seus fornecedores em importar componentes eletrônicos derrubou a produtividade em 35%, pois a empresa compra R$ 2,5 milhões em peças asiáticas todo mês. Já as vendas para fora do país estão levando até 30 dias para chegar ao destino – o prazo normal é de quatro dias. "Isso causa perda de oportunidaes e cancelamentos de vendas, porque o varejo requer pronta-entrega", reclama o diretor José Ventura Pinto Neto. "Mesmo com uma liminar, as cargas, que deveriam ser diárias, levam até duas semanas para chegar à fábrica." "E a imagem do Brasil é que sai perdendo", ressalta o vice-presidente da AEB.

O setor madeireiro também sofre. Carlos Castor, da Argentera, está com uma carga no porto de São Francisco do Sul (SC) há quase 30 dias, o que já derrubou o valor da mercadoria em 15%. "Isso ninguém vai repor para nós. É um prejuízo para a vida inteira", diz.

De acordo com o Instituto Centro de Comércio Exterior do Paraná (Cexpar), exportadores de grãos e alimentos também têm sido bastante afetados. O sindicato que representa os auditores da Receita Federal em São Paulo divulgou esta semana que o país já perdeu R$ 5 bilhões desde o iníco da paralisação, mas o número foi contestado pela diretoria nacional da entidade, que não faz estimativas.

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