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Amaro
A Amaro cria por volta de 120 novos modelos de roupas por semana| Foto: Divulgação/Amaro

Sabe aquela velha propaganda que convida o consumidor a comprar “direto da fábrica”? No e-commerce, a Amaro, criada em 2012 pelo suíço Dominique Oliver, foi uma das primeiras grifes a trabalhar com o modelo de vendas direto ao consumidor (direct to consumer - D2C) no Brasil. Ou seja, sem intermediários e com um catálogo online de produtos de fabricação própria.

“Vi marcas muito fortes no exterior que não davam lucro porque tinham muitas pessoas e processos complicados. Decidi vir ao Brasil para criar uma estrutura de negócio mais enxuta para uma sociedade jovem”, explicou Oliver, que tem como sócios o também suíço Lodovico Brioschi e o brasileiro Roberto Thiele.

Apelidada de fashiontech, a empresa coleta informações para conhecer a preferência dos consumidores, tanto na internet quanto em unidades físicas — conhecidas como guide shops, que não fazem venda das peças, mas que oferecem ao comprados a experiência de contato com a peça antes da compra. Não à toa, a startup deve fechar o ano com aumento de 50% no faturamento e 1,5 milhão de peças vendidas, 70% delas pelo smartphone.

Criação própria

A Amaro cria por volta de 120 novos modelos de roupas por semana, trabalho de uma equipe de designers e engenheiros presentes na sede e no centro de distribuição, em São Paulo. Ao todo, são 200 funcionários na sede, 25% deles na área de tecnologia. Nas guide shops e no centro de distribuição, são mais 220 colaboradores. Para a confecção de peças e acessórios, a startup conta com fornecedores em diversos estados do país, entre eles indústrias calçadistas do Sul.

“Ainda temos muito a crescer no Brasil. Num jogo de 90 minutos, ainda estamos nos 30. Trabalhamos muito com indicação, o chamado ‘boca a boca’. Nossa premissa é usar a tecnologia para gerar algo mais humano”, explicou o empreendedor, que trabalhou em bancos de investimentos em Nova York (EUA) por mais de cinco anos.

Estudo recente da Ebit/Nielsen, divulgado em junho, aponta que as vendas diretas ao consumidor estão crescendo entre as lojas virtuais, em uma tendência que Oliver verificou principalmente nos EUA. Em 2018, foram contabilizadas R$ 2,5 bilhões em transações — uma alta de 20% em relação a 2017. O ticket médio dos sites, por outro lado, caiu 16,1% na mesma comparação (de R$ 403 para R$ 338), indicando a “entrada de novos concorrentes no mercado”, observa Ana Szasz, head da consultoria.

“Eletrônicos e eletrodomésticos são os itens mais comprados por consumidores nos sites das fabricantes e somam 45% das vendas realizadas por este tipo de operação. Perfumaria e cosméticos (16%) e moda e acessórios (14%) estão logo em seguida”, acrescenta a pesquisa, reforçando que o D2C impulsionou “discretamente” o e-commerce em 2018.

Empresa de tecnologia

Nas guide shops da Amaro, as roupas e acessórios dividem espaço com gadgets de última geração que dão autonomia aos consumidores para consulta de valores, peças semelhantes e até pagamento da compra — em um conceito semelhante às lojas autônomas. São 12 estabelecimentos no Brasil, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte. As lojas, inclusive, são responsáveis por um quarto das compras da marca. As vendedoras, chamadas pela marca de influenciadoras, atuam como consultoras de moda e ajudam em eventuais trocas e auxiliam os clientes em processos administrativos.

Cada peça possui um QR Code para que os clientes confiram, on-line, os preços e outras cores disponíveis para venda, operação que pode ser feita em tablets distribuídos pelas lojas.

Além disso, as unidades físicas contam com sensores que indicam as araras mais buscadas e os locais menos acessados no estabelecimento — tecnologia batizada de mapa de calor. “O tempo que uma pessoa compra um produto na Vila Olímpia é diferente do tempo que ela leva no interior de São Paulo. A interpretação de dados está presente em todas as áreas da empresa”, justifica Oliver.

Mas se engana quem pensa que só as guide shop seguem o modelo de varejo 4.0. O centro de distribuição da marca, na Barra Funda (SP), possui máquinas de corte a laser de última geração e opera no modelo Kanban, que organiza os fluxos de produção por cores. Com tamanha disciplina, uma peça leva apenas seis meses entre a criação pelos designers até lançamento no site e a chegada no estoque.

O fundador da Amaro reforça também que as embalagens utilizadas no processo logístico da empresa são sustentáveis. “Não vamos mais utilizar plástico virgem em nossa cadeia produtiva. Não fizemos mais pedidos desta embalagem”, garantiu o empreendedor.

Os envelopes para peças pequenas, que são enviadas a clientes por bike em trechos curtos, também podem ser reutilizados. Acompanham duas tiras com cola para fechar os envelopes novamente, caso o consumidor queira fazer a troca. “Adotar práticas sustentáveis não é difícil. Tem que ter iniciativa e tem que ter flexibilidade para começar e terminar”, conclui Oliver. Com 5 mil consumidores desde 2012, a Amaro parece ter esses atributos. E a tecnologia é a grande parceira da varejista.

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