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Sair da China pode ser complicado: país é também um dos principais mercados para os produtos da Apple| Foto: Pixabay

A dependência da Apple de fábricas instaladas na China parece, cada vez mais, sua maior desvantagem. A companhia de produtos eletrônicos mais influente do mundo perdeu US $ 44 bilhões em valor de mercado na última sexta-feira, depois de pronunciamentos de Pequim e Washington terem destacado sua enorme base de produção na China, onde quase todos os iPhones do mundo são fabricados.

O presidente Donald Trump "ordenou" que as empresas americanas comecem imediatamente a procurar alternativas à fabricação em território chinês, algo para o qual a Apple está completamente despreparada, segundo o analista Daniel Ives, da Wedbush Securities. "Na melhor das hipóteses", diz Ives, a Apple "seria capaz de mover de 5% a 7% da produção de iPhone para fora da China" ao longo de 18 meses. Segundo ele, a empresa precisaria de três anos para migrar 20% da produção, o que ainda é menos do que os 25% que a Apple precisa para atender apenas ao mercado doméstico dos EUA. Assim, as tarifas americanas têm o potencial de atingir a Apple diretamente no produto que mais gera lucros.

Em seu relatório, Ives chama de “um soco no estômago da cidade de Cupertino (sede da Apple)” os comentários recentes de Trump sobre a China.

Mudança custará caro

O principal parceiro de montagem da Apple, a Foxconn Technology Group, sustenta que pode produzir todos os iPhones demandados pelos Estados Unidos fora da China, mas os indicadores mostram que, para fazer isso, seriam necessários muito tempo e dinheiro. O preço das ações da Apple levou dois golpes na semana passada, após os últimos anúncios de tarifas.

Reagindo à notícia de que a China estava planejando impor tarifas sobre US $ 75 bilhões em importações dos EUA, Trump declarou pelo Twitter que aumentaria os percentuais das tarifas, as existentes e as que ainda virão, sobre produtos chineses.

Fontes familiarizadas com a produção do iPhone disseram que é quase impossível relocar a fabricação do aparelho icônico da Apple, de forma massiva, devido à dificuldade de encontrar mão de obra qualificada em outros lugares. Esse é um problema que o próprio CEO da Apple, Tim Cook, já havia admitido publicamente. Sem contar os obstáculos de replicar as complexas linhas de produção e toda a infraestrutura necessária.

Também pode haver razões não puramente econômicas para defender a permanência na segunda maior economia do mundo. A Apple e seu exército de fabricantes terceirizados, liderados pela Foxconn, são juntos o maior empregador privado da China, dando emprego a milhões de pessoas. Uma redução na presença da Apple pode ter implicações significativas para o mercado de trabalho local e mandar um recado “atravessado” para Pequim, num momento em que as autoridades chinesas veem a desaceleração da economia como um risco significativo à estabilidade. O governo já mostrou uma tendência de “enquadrar” empresas estrangeiras que o desagradem.

E a Apple precisa se defender da líder do mercado de smartphones, a Huawei Technologies Co., e reconquistar os consumidores na China, seu maior mercado depois dos EUA. Embora a Apple tenha sondado alguns fornecedores sobre a possibilidade de produção fora da China, não há sinais de que a empresa esteja se preparando para uma migração em grande escala.

Uma montadora terceirizada até propôs produzir fora do país asiático, mas a Apple rejeitou o negócio e o fornecedor acabou expandindo a operação dentro da China. Outras fontes informaram que o esforço recente da GoerTek para transferir parte de sua produção de fones de ouvido para o Vietnã foi feito por vontade própria. Nada direcionado para o iPhone, cujos headphones continuam sendo fabricados principalmente na China, à exceção de alguns modelos mais antigos, produzidos na Índia e focados no mercado doméstico de lá.

A habilidade de Tim Cook para negociar as tarifas com Washington será colocada à prova nas próximas semanas. Até agora, ele tem conseguido adiar as sobretaxas para iPhones, iPads e notebooks da Apple, pelo menos até 15 de dezembro. Depois dessa data, a não ser que ocorra uma rápida e improvável resolução do conflito comercial, a Apple provavelmente terá de fazer planos para fabricar iPhones fora da China, independentemente do preço que tenha de pagar.

Leia também: Seu próximo iPhone pode vir do Vietnã

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