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Muitas crianças já nascem com o destino profissional traçado: herdar a empresa da família. Algumas optam por outros caminhos ao longo da vida, e optam por carreiras em segmentos diferentes, mas muitas crescem sabendo que um dia ocuparão o cargo do pai ou da mãe na empresa da família.

Quando o filho herda o reino de seu pai, ele lutará as mesmas batalhas, fortalecendo os laços familiares. Entretanto, também estará sujeito a ter que ouvir conselhos dos outros familiares, lutar contra os irmãos pelo poder e intitular o primo como "conselheiro do rei".

Dessa união profissional entre parentes, vários resultados podem surgir, dentre eles, os casos abaixo:

Muita ou pouca exigência

Na minha trajetória profissional, tive a oportunidade de conhecer muitas empresas familiares. A minha empresa, inclusive, é uma delas. Trabalhei durante oito anos com minha esposa e hoje meu filho está na gestão da De Bernt Entschev. É uma realidade muito comum, mas que precisa ser levada a sério e com profissionalismo.

Conheci uma empresa familiar que cresceu bastante no sul, especialmente no Paraná. As duas filhas do dono desta empresa trabalhavam com ele, ambas em cargos de diretoria. Entretanto, creio que ele pecava pelo excesso. Cobrava mais as filhas do que de qualquer outro profissional na empresa, criando certo desconforto por parte dos funcionários. As discussões eram constantes e a cobrança por resultados excessiva e desproporcional com as metas traçadas. Acredito que ele procurava compensar o fato ter colocado a família na gestão da empresa com esse tipo de atitude. Entretanto, o resultado disso pode ser tão ruim quanto o daquele que nada cobra do parente e não tem punho para tomar uma atitude condizente com a situação.

Esta é outra situação, ainda mais comum: aquele que contrata apenas por que o sujeito é seu irmão, filho ou primo, sem se importar muito com a sua qualificação profissional.

A empresa de uma conhecida da minha esposa está fadada à falência desde quando seus filhos assumiram a presidência e a vice-presidência. Ambos os meninos eram recém-formados, sem nenhuma experiência no mercado de trabalho, mas logo assumiram a alta gestão da empresa. Por mais que contasse com poucos funcionários, foi o suficiente para os mesmos perderem o respeito pelo seu trabalho. Os garotos, com pouco mais de vinte e cinco anos, mesmo com um pouco de auxílio da experiência dos pais na gestão, não souberam administrar a empresa e perderam muitos funcionários – que ficaram inconformados e desacreditados com a situação. Como resultado, a empresa encolheu e perdeu credibilidade perante o público interno e externo.

Profissionalização

Essa outra história que contarei é um exemplo muito bacana de que é possível, sim, trabalhar em família e de maneira saudável, desde que a empresa passe por um sério "programa" de profissionalização e que os parentes/gestores tenham competências alinhadas ao perfil e necessidades da organização. Esse exemplo é de uma empresa, também do sul, que possui um lucro bilionário, apesar de ser uma empresa familiar.

Criaram um documento com regras específicas entre os funcionários-parentes. Todos estão cientes das regras e desse documento. Todos têm metas a serem atingidas e resultados a serem obtidos. Se, por acaso, isso não for devidamente cumprido, estão sujeitos a sair da empresa. Ou seja, são tratados como um funcionário comum.

Se você está pensando em entregar o comando do império aos seus filhos ou contratar netos, irmãos e primos, pense na empresa de maneira profissional. Misturar as coisas de maneira impetuosa é perigoso e a contratação deve ser feita somente se o profissional for competente e adequado para aquela posição. Deve conhecer a empresa e passar por um período de aprendizado, conhecendo diversas áreas da empresa. Esta é apenas uma das tantas maneiras de profissionalizar a contratação de familiares.

Na coluna desta terça-feira falarei mais sobre este assunto. Até lá!

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