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O principal índice acionário da Bovespa caiu ao menor patamar em quase 11 meses nesta quarta-feira (5), diante do clima de aversão ao risco no exterior e da decisão do governo brasileiro de zerar a alíquota do IOF para investimentos estrangeiros em renda fixa. O Ibovespa recuou 2,26%, a 52.798 pontos, menor nível de fechamento desde 25 de julho de 2012. O giro financeiro do pregão foi de R$ 8,26 bilhões.

Com isso, o índice se aproximou de um suporte técnico relevante, de 52.200 pontos. "Se perder isso, o que já estava ruim vai ficar infernal", avaliou o analista técnico Daniel Marques, da Ágora Corretora no Rio de Janeiro. O dia também foi marcado por fortes quedas nas principais bolsas globais, com o referencial de Wall Street, S&P 500, fechando em baixa de 1,38 por cento.

"Esse quadro de indefinição da economia norte-americana deixa os investidores de fora do mercado", disse o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, citando as persistentes preocupações sobre o futuro do programa de estímulos monetários nos Estados Unidos.

A decepção com os esforços do Japão para impulsionar o crescimento econômico também contribuiu para o clima de maior aversão ao risco nos mercados globais. Na cena doméstica, pesou a decisão do governo federal de cortar de 6 por cento para zero a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre recursos estrangeiros destinados para a renda fixa. "Quando existe intervenção do governo no mercado financeiro, quer dizer que as coisas não vão muito bem", disse o analista-chefe da Magliano Corretora, Henrique Kleine, citando que a medida trouxe certo desconforto entre investidores.

Segundo analistas, a decisão deve motivar alguma migração de recursos da Bovespa para a renda fixa, que também se beneficia da alta dos juros --o mercado espera que a Selic, hoje em 8 por cento, termine 2013 em 8,5 por cento ao ano.

A mudança no IOF também trouxe forte volatilidade ao mercado cambial e movimentos bruscos nos contratos de juros futuros nesta quarta-feira. "Muito mais do que a medida em si, é a comunicação do governo que atrapalha", disse o sócio-sênior da Humaitá Investimentos, Guido Chagas.

"Você acredita em quê? No que ele (governo) está fazendo ou no que ele está falando? As sinalizações são contraditórias", avaliou. "Isso só aumenta a incerteza com o Brasil e afugenta o investidor de longo prazo."

Em maio, investidores estrangeiros retiraram pouco mais de 1 bilhão de reais da Bovespa, em meio a preocupações com as perspectivas para a economia brasileira.

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