São Paulo (AE e Folhapress) O índice de cheques devolvidos por falta de fundos no Brasil aumentou 13,7% no primeiro semestre de 2005, na comparação com os primeiros seis meses de 2004, conforme pesquisa divulgada ontem pela Serasa. Entre janeiro e junho deste ano foram compensados 980 milhões de cheques, dos quais 17,9 milhões voltaram por falta de fundos, o que correspondeu a um índice de 18,2 cheques devolvidos a cada mil. No mesmo período do ano passado, foi compensado um total de 1,04 bilhão de cheques e 16,7 milhões devolvidos, com índice de 16 a cada mil.
Em junho de 2005, o levantamento da Serasa apontou comportamentos distintos. O índice atingiu 19,1 cheques devolvidos a cada mil compensados e ficou muito próximo do verificado em maio (19,2), mas 30,8% acima do constatado em junho do ano passado (14,6).
Apesar das elevações constatadas no semestre e na comparação com junho de 2004, a companhia de análise de crédito destacou a estabilidade do indicador nos últimos três meses sobre os períodos imediatamente anteriores. De acordo com os técnicos da empresa, este comportamento reflete a atual conjuntura da economia brasileira.
"Por um lado, o maior comprometimento da renda com os empréstimos contraídos e as elevadas taxas de juros afetam a capacidade de pagamento das famílias. Por outro, a recente deflação, fruto da queda dos preços de alimentos, bebidas e transportes, contribui para o aumento da renda disponível, o que colabora para a estabilidade na proporção de cheques devolvidos por insuficiência de fundos em relação aos cheques compensados", observou a Serasa.
Comércio
Outra pesquisa, feita pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), também mostra um aumento na inadimplência. O registro de maus pagadores pelo SCPC cresceu 10,6% em relação ao mesmo período de 2004. No lado oposto, a retirada de nomes da lista de devedores avançou só 0,8% no mesmo período.
Segundo análise da instituição, o aumento na oferta de crédito foi um dos fatores que levaram ao aumento na inadimplência. Com maior facilidade de fazer financiamentos, mais pessoas teriam corrido o risco de fazer compras maiores. Esse mesmo fato foi responsável pelo aumento nas vendas de 9,5% na primeira quinzena de julho, em relação ao mesmo período de 2004.
Para o presidente da ACSP, Guilherme Afif Domingos, o resultado da quinzena foi favorecido pela oferta de crédito ao consumidor. Além disso, as promoções de vestuário e a queda nas temperaturas também colaboraram para o bom desempenho da quinzena.
No Rio de Janeiro, uma pesquisa divulgada ontem pela Fecomercio-RJ mostra que o faturamento do comércio aumentou 1% no primeiro semestre em comparação com o mesmo período de 2004. "Esse crescimento observado no primeiro semestre é bastante positivo tendo em vista que é sobre uma base forte", disse João Carlos Gomes, economista da Fecomércio-RJ. Segundo ele, o destaque no semestre foram os bens não duráveis, que faturaram 3,7% a mais que no mesmo período de 2004.