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O primeiro-ministro do Kuwait, xeque Nasser, visitou a Bolsa de Nova Iorque com uma comitiva no dia em que o barril de petróleo disparou. | Spencer Platt/AFP
O primeiro-ministro do Kuwait, xeque Nasser, visitou a Bolsa de Nova Iorque com uma comitiva no dia em que o barril de petróleo disparou.| Foto: Spencer Platt/AFP

Indústria mantém investimentos

A maior turbulência financeira das últimas décadas foi insuficiente para alterar os planos do setor produtivo brasileiro. A opinião geral das entidades empresariais é de que ainda é muito cedo para se ter reflexos da crise no lado real da economia, e, por isso, não se fala em cancelamento nem suspensão de investimentos. A palavra de ordem entre os empresários é aguardar. Para o coordenador do departamento econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Maurílio Schmitt, as circunstâncias atuais não permitem uma avaliação segura sobre o que pode acontecer. "A grande maioria dos empresários nem sequer entendeu o que está acontecendo e ninguém pode responder se a pior fase da crise já acabou", diz. Para o gerente executivo da unidade de pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, existe uma tendência de diminuição do ritmo da economia brasileira para o ano que vem, mas ela está mais ligada à política monetária do que à crise. "Com o desaquecimento, é natural reduzir a expectativa de investimentos. Mas, quando chegar este momento, ficará difícil separar o que é reflexo direto da crise e o que será consequência da política de juros elevados do Banco Central", avalia.

Alexandre Costa Nascimento

A negociação sobre o pacote anticrise do governo dos Estados Unidos no Congresso em época eleitoral, com republicanos e democratas divergindo sobre os detalhes do projeto, fez os investidores retraírem mais uma vez seus investimentos em ações. A saída que eles encontraram foi apostar no mercado de commodities, num movimento que levou a uma alta expressiva na cotação dos metais e a uma elevação de 15,6% no barril de petróleo – a maior da história em um único dia na Bolsa de Mercadorias de Nova Iorque. Em contrapartida, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) caiu 2,86%, seguindo Dow Jones (-3,27%) e Nasdaq (-4,17%), ambos dos EUA.

A ação da Petrobras, que "segurou" a bolsa paulista durante boa parte do pregão, não resistiu à onda de realização de lucros (venda de papéis valorizados) feita por investidores bastante cautelosos com os desdobramentos da crise americana. Dessa forma, a ação preferencial da petrolífera não se beneficiou da alta do óleo e cedeu 0,54%, para R$ 34,79. Na semana passada, em seu pior momento, o ativo da estatal chegou a ser cotado a R$ 27,91 (na terça-feira) para voltar a R$ 35,38 na sexta-feira.

As principais bolsas de valores européias não escaparam do pessimismo e concluíram os negócios em baixa, a exemplo de Londres (recuo de 1,41%) e Frankfurt (queda de 1,32%). "O mercado ainda quer saber se o que foi prometido vai ser efetivamente implantado. Foi essa a expectativa que mais influenciou os negócios hoje [ontem]. O calendário do Congresso americano está curto por causa das eleições dos EUA", comenta o diretor de operações da corretora Título, Márcio Cardoso.

O mercado de câmbio, por sua vez, corrigiu boa parte dos exageros registrados na semana passada, uma das mais turbulentas dos últimos nove anos. Nas operações finais de ontem, o dólar comercial foi negociado a R$ 1,792 na venda, em decréscimo de 2,12%.

Resgate

Ontem o Congresso norte-americano começou a avaliar o plano de resgate de US$ 700 bilhões, lançado pelo governo de George W. Bush para conter a crise no setor financeiro. O plano daria ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, autoridade para comprar todos os ativos relacionados às hipotecas para dissipar a grave crise financeira. O documento ainda prevê o aumento do limite de endividamento do setor público de US$ 10,6 trilhões para US$ 11,3 trilhões. Mas o pacote pode ter dificuldades de passar no Congresso, onde parlamentares democratas querem acrescentar algumas cláusulas, como limites às compensações para executivos e a permissão para que o governo assuma ações das instituições financeiras que aderirem ao programa de salvamento.

No front doméstico, o boletim Focus, elaborado semanalmente pelo Banco Central, revelou que a maioria dos economistas do setor financeiro revisou para cima suas expectativas para a taxa de câmbio: o dólar projetado para o fim do ano subiu de R$ 1,65 para R$ 1,70. As projeções para a inflação, no entanto, caíram, com o IPCA previsto para 2008 indo de 6,26% para 6,23%.

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