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A falta de sinceridade entre casais pode gerar uma traição que se ambienta no bolso: a “infidelidade financeira”. O termo é usado por especialistas em finanças para se referir à ocultação de gastos, renda ou poupança, práticas consideradas danosas tanto às contas domésticas quanto à própria relação afetiva.

Metas conjuntas

Segundo os especialistas, é saudável para o casal que haja alinhamento dos objetivos e sonhos materiais, que podem ser alcançados mais facilmente com esforços conjuntos, já que a vida a dois têm como vantagem a partilha de gastos.

O planejador financeiro Cleiton Oliveira diz que é importante comemorar o cumprimento de metas conjuntas. “O ser humano vive de realizações e celebrar esses momentos dá um novo ânimo para relação.”

O hábito é comum entre casais brasileiros: cerca de 35% das pessoas não informam o cônjuge sobre todas as compras que realizam, revela uma pesquisa feita no começo do ano pelo SPC Brasil. As mulheres escondem principalmente despesas com roupas e calçados, enquanto os homens dissimulam gastos com automóveis e atividades de lazer, como idas a bares.

Dicas financeiras

Confira cinco passos para evitar dissabores conjugais:

1 - Converse, pelo menos uma vez por mês, sobre as finanças domésticas com seu cônjuge.

2 - Divida as despesas de forma igualitária ou proporcional à renda, conforme pareça mais justo.

3 - Avalie a possibilidade de abrir uma conta conjunta, se o perfil do casal for adequado à ideia.

4 - Tenha uma reserva financeira própria, para gastos particulares de que você não abre mão.

5 - Trace objetivos em conjunto e busque alinhar seus sonhos financeiros aos do cônjuge.

“A infidelidade financeira, além dos problemas financeiros que gera, pode ser precursora de outras formas de traição, porque cria uma fissura na confiança do casal”, diz o consultor e educador financeiro André Massaro. O efeito é perigoso justamente porque problemas com dinheiro são pivô de muitas brigas: 22% dos casais inadimplentes costumam se desentender por esse motivo, ante 16% de quem está com as contas em dia.

A falta de informação atinge também o valor da renda do companheiro: 35% dos entrevistados dizem não conhecer com exatidão o salário do cônjuge e quase 70% das famílias não têm costume de falar regularmente sobre contas. “A conversa sobre dinheiro deve ser habitual e não uma conversa estressante, em momentos de crise. A comunicação ameniza os momentos de dificuldade”, afirma o educador financeiro José Vignoli, do SPC Brasil.

Transparência

O caminho para viver em harmonia financeira é tratar as questões financeiras com abertura e naturalidade. “As pessoas erram porque costumam tratar dinheiro como um tema antirromântico. Se, na fase da paixão, você fala sobre esse tema, pode ser interpretado como materialista e mesquinho”, fala Massaro. Ele recomenda uma conversa mensal para debate exclusivo de contas, com vistas a identificar e corrigir eventuais excessos e descompassos.

O uso de conta conjunta é facultativo a cada casal, que deve avaliar se o modelo é adequado. As contas partilhadas têm como vantagem a redução de custos, pois reduzem taxas bancárias. Já a tutela individual garante a cada membro do casal liberdade para gastos particulares. “Para muita gente, é constrangedor e desgastante dar satisfação sobre gastos que o outro pode não entender”, pontua Massaro.

A divisão de despesas pode ser igualitária ou proporcional à renda, conforme perfil e decisão do casal. O importante é que ninguém fique sobrecarregado nem perca a autonomia financeira, que será importante em uma eventual separação.

Conta conjunta é prova de confiança

Casados há quase 28 anos, a empresária Terezinha Krassuski e o administrador Régis Negrão, de Curitiba, tratam as finanças domésticas com naturalidade e não enfrentam problemas nessa área. Os dois administram o dinheiro em contas conjuntas, em que ambos têm liberdade para fazer saques e gastos. “Para nós, é absolutamente natural trocar ideias sobre esse tema”, conta Terezinha.

A política do casal é que os dois têm liberdade e contam com a confiança alheia para realizar compras, nem necessidade de consulta em todos os casos. Se o bem a ser adquirido custar mais caro que o habitual, o casal conversa e avalia a questão em conjunto. “Caso eu compre eletrodoméstico ou realize uma reforma na casa, não diz respeito só a mim. Então, vamos discutir o assunto e decidir juntos”, explica.

Terezinha diz que o “convívio financeiro” é harmonioso desde a época de namoro e que, como o casal já passou por diversas experiências, está acostumado a se entender na base do diálogo. (RC)

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