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Aumento nas passagens do ônibus no Rio influenciou o IPCA-15; em Belo Horizonte, transporte coletivo também subiu | Uanderson Fernandes/Agência O Dia
Aumento nas passagens do ônibus no Rio influenciou o IPCA-15; em Belo Horizonte, transporte coletivo também subiu| Foto: Uanderson Fernandes/Agência O Dia

Comida e ônibus puxaram alta

Agência O Globo

Apenas dois grupos responderam por 68% do IPCA-15 de janeiro: Alimentação e Trans­portes. Os alimentos tiveram alta de 1,25% em janeiro, índice próximo ao 1,28% de dezembro, e tiveram impacto de 0,29 ponto porcentual no índice. "Dentro do grupo de alimentos, houve dois movimentos. A carne bovina recuou, mas os grãos e alimentos in natura tiveram uma alta expressiva, porque as principais áreas de produção foram muito afetados pelas chuvas", diz Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.

A refeição consumida fora do domicílio, com 1,63% em janeiro, teve o maior impacto individual do mês – 0,08 ponto porcentual. Consumidos fora, continuaram subindo o lanche (1,42%), o refrigerante (1,37%) e a cerveja (1,27%). Vários alimentos consumidos no domicílio também contribuíram para o maior resultado de um mês para o outro, com destaque para o tomate (que passou de -1,63% no IPCA-15 de dezembro para 11,22% em janeiro), o feijão carioca (de 2,51% para 10,42%) e a batata-inglesa (de -5,77% para 4,29%).

O grupo Transportes acumulou alta de 0,79% nos preços e respondeu sozinho por 0,15 ponto porcentual do resultado de janeiro – as principais contribuições vieram do aumento dos preços de passagens de ônibus urbanos nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro e Belo Horizonte e das tarifas de ônibus intermunicipais em várias regiões, segundo o IBGE. Os ônibus urbanos (cujos preços variaram 0,00% em dezembro e subiram 1,13% em janeiro) e os intermunicipais (de 0,02% de aumento em dezembro para 2,46% de alta em janeiro) contribuíram com 0,07 ponto porcentual para o resultado do mês.

Além das tarifas dos ônibus, aumentaram, também, os preços das passagens aéreas (de queda de 2,06% nos preços em de­zembro para aumento de 10,54% em janeiro), automóvel novo (de queda de 0,37% em dezembro para avanço de 0,39% em janeiro) e seguro voluntário (de redução de 6,73% em dezembro para alta de 2,46% em janeiro). "As passagens aéreas subiram por uma questão sazonal, normalmente a demanda aumenta no período de férias. Esses aumentos são também indicativos de que as empresas estão recompondo seus preços" diz Ales­sandra.

A inflação começou o ano com o pé no acelerador. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) do mês de janeiro atingiu 0,65%, contra 0,56% do índice de dezembro. O indicador (que avalia as variações de preços na segunda metade de um mês e na primeira metade do mês seguinte) é considerado uma prévia do IPCA, usado pelo governo como referência para medir a inflação oficial e as metas do Banco Central.

Com o resultado, o IPCA-15 acumula alta de 6,44% nos últimos 12 meses até janeiro. No mesmo período do ano passado, o índice ficou em 0,76%. "Certamente esse não é um resultado bom. Se for observado, esse é um índice anualizado de 8%, o que é uma inflação muito alta", aponta o economista Lucas Dezordi. Segundo ele, ainda há uma pressão grande do grupo de alimentos, por causa de fatores climáticos como a seca no Sul e o excesso de chuvas no Sudeste. "Também é comum que no início do ano a inflação venha um pouco mais forte por causa de preços controlados reajustados na virada do ano", diz.

Centro da meta

Para Dezordi, a prévia deve acender um sinal de alerta no Banco Central, que deve aumentar a atenção no monitoramento do processo inflacionário para manter os índices próximos ao centro da meta de 4,5% ao ano. O professor de Economia Luciano Naka­bashi, da USP de Ribeirão Preto, avalia que o governo pode estar "relaxando" no controle da inflação. "Ao que parece, o governo não está mais dando muita importância ao centro da meta. Está mais interessado em garantir o crescimento diante de um cenário internacional turbulento", diz.

Para Nakabashi, informalmente o governo passou a trabalhar com o teto da meta – de 6,5% ao ano –, exatamente a inflação acumulada ao longo de 2011. "Apesar de estar formalmente dentro da meta, é uma inflação alta. O governo tem de ver até que ponto de fato vale a pena ser complacente com a inflação. Ninguém quer a inflação de volta e isso pode custar popularidade", avalia.

"Se olharmos em relação ao mesmo período do ano passado, está havendo uma desaceleração, mas a base de 2011 foi elevada. Acreditamos que esta desaceleração deve acontecer até maio, com o acumulado de 12 meses chegando a 5%, e depois volte a acelerar. Nossa previsão é de que o índice termine o ano em 5,45%" afirma a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências.

Segundo Nakabashi, o setor de alimentos pode continuar pressionando os índices, assim como o setor de serviços. "O BC ainda está em um ciclo de redução de juros, que parece que vai continuar. Se a situação lá fora for menos preocupante do que estão prevendo, a pressão nos preços pode ser mais forte do que o governo gostaria", prevê.

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