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A impossibilidade repassar para os preços toda a alta das cotações internacionais das matérias-primas (commodities agrícolas) derrubou o lucro das empresas do setor de alimentos no primeiro semestre. Levantamento feito pela empresa de informações financeiras Economática com dados do balanço de 13 companhias do setor de alimentos e bebidas mostra uma queda real (descontada a inflação) de 65,2% do lucro líquido no semestre comparado com igual período de 2007.

O ganho consolidado dessas empresas somou R$ 685 milhões, ante R$ 1,966 bilhão do período anterior, segundo o levantamento da Economática.

A receita líquida operacional desse conjunto de empresas apresentou avanço de 8,4% no período, para R$ 25,074, refletindo o bom momento do mercado doméstico.

No entanto, o aumento de custos com matérias-primas, como soja, milho e trigo, e insumos, como fretes (em decorrência da alta do petróleo), representou mais que o dobro do crescimento da receita. Na média das empresas pesquisadas, o Custo do Produto Vendido (CPV) subiu 19% em relação ao primeiro semestre do ano passado. Para o grupo de empresas pesquisadas pela Economática, a conseqüência disso foi uma queda de 21,1% no lucro operacional próprio (antes de juros e impostos), para R$ 3,748 bilhões.

"Isso mostra claramente que as empresas não conseguiram repassar para os preços a totalidade dos aumentos de custos que tiveram no período", disse Denilso Duarte, analista de investimento da Máxima Asset Management.

Com a escalada dos preços das commodities, indústria e varejo têm travado uma queda-de-braços para saber quem paga a conta gerada pelo aumento da inflação mundial dos alimentos. Sob forte pressão da concorrência, as redes de varejo endureceram com os fornecedores e deixaram de comprar produtos que subiram demais de preço, substituindo-os por marcas mais baratas e trocando de fornecedores.

"O preço é fator decisivo para o consumidor escolher em qual supermercado vai fazer suas compras", observa Martinho Paiva Moreira, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas). "Quem não brigar para conter os aumentos excessivos de preço, vai ter queda nas vendas".

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