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Inflação dispara e preocupa a China

Retorno negativo da poupança estimulou especulação imobiliária na China | Sheng Li /Reuters
Retorno negativo da poupança estimulou especulação imobiliária na China (Foto: Sheng Li /Reuters)
Além dos imóveis, alimentos estão por trás da disparada da inflação chinesa |

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Além dos imóveis, alimentos estão por trás da disparada da inflação chinesa

Shangai - A vibrante economia chinesa desacelerou no terceiro trimestre, crescendo a uma taxa anual de 9,6% depois que o governo tomou medidas para evitar um superaquecimento. Mas a inflação atingiu, no mês passado, sua maior taxa em quase dois anos – ela avançou 3,6% sobre setembro de 2009, pressionada principalmente pelos alimentos, que subiram 8%.

Um dos principais desafios a serem enfrentados pelos administradores públicos chineses é impedir que a subida dos preços de alimentos e imóveis resulte em problemas sociais e venha a minar o boom econômico do país. Esse desafio provavelmente está por trás da medida tomada pelo banco central chinês há pouco mais de dez dias, quando forçou os bancos a aumentar em 0,25 ponto porcentual os juros sobre empréstimos e depósitos. O governo espera que a decisão faça desacelerar as aquisições imobiliárias e incentive as pessoas a guardar dinheiro nos bancos em vez de gastar.

Retorno negativo

"O poder de compra das famílias está sendo corroído", afirma Ma Jun, economista do Deutsche Bank baseado em Hong Kong. "Essas taxas baixas são basicamente subsídio para as empresas bancado pelas famílias." Embora os juros sobre os depósitos de poupança tenham subido a 2,5%, a inflação tem aumentado mais – o que significa, essencialmente, um retorno negativo aos poupadores. E foi tal retorno que convenceu muitos consumidores a investir em imóveis, estimulando a especulação com propriedades e elevando os preços – isso, por sua vez, criou alarme entre os que ainda não adquiriram casa própria.

A situação pode ser ainda pior. Um número crescente de analistas diz que a pressão inflacionária é mais forte do que mostra o índice oficial, porque ele é amplamente ponderado pelo custo da comida – aumentos nas áreas de imóveis, energia e transporte não têm tanto peso no indicador. E mesmo a subida de preços para muitos itens alimentares também não é devidamente calculada, afirmam os mesmos analistas.

Parte do aumento acentuado nos preços dos alimentos é atribuída à escassez de chuvas em algumas regiões do país. Mas o custo da comida está subindo também no resto da Ásia e em outras partes do mundo. Milho e trigo aumentaram de preço este ano. E, na China, a produção escassa de açúcar levou à alta nos preços do produto e obrigou o governo a liberar milhões de toneladas de seus estoques para leilão. De certa forma, há um retorno a 2007, quando os preços dos alimentos subiam na China e em grande parte do resto do mundo.

A atenção à inflação é intensa na China porque influencia o enorme mercado de trabalho do país, afetando desde os salários e custos trabalhistas nas imensas fábricas do litoral até o custo de contratação dos empregados em restaurantes das grandes cidades.

Acima da meta

Não está claro se a China conseguirá conter a inflação, dizem os analistas. Alguns têm a expectativa de uma taxa mais moderada ao fim deste ano, à medida que o governo intensificar medidas para elevar a produção e a distribuição de alimentos. Mas, durante boa parte de 2010, mesmo com a desaceleração da economia, a inflação subiu drasticamente, ultrapassando a meta do governo no início do ano, que era de 3%.

Na opinião do Fundo Mo­­ne­tário Internacional, muitas nações asiáticas precisarão de aperto ainda maior na política monetária, incluindo gestões para que a moeda chinesa se valorize frente a outras moedas.

Tradução: Christian Schwartz

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