Levantamento do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que 77,6% das negociações salariais de 2008 asseguraram reajustes superiores ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que registrou alta de 6,46%. Foi o terceiro melhor resultado desde o início da série. Além disso, 10,5% das negociações tiveram aumento igual ao INPC assim, 88,1% das categorias pesquisadas conseguiram a reposição da inflação.
Segundo o Dieese, o dado de 2008 representou uma queda no desempenho das negociações na comparação com 2007. O resultado foi mais influenciado pelo avanço da inflação no primeiro semestre do que pela crise financeira internacional. Em 2007, os porcentuais de reajuste iguais ou superiores à inflação foram de 95,9%. Naquele ano, a média do INPC foi de apenas 3,89%. O melhor resultado da série foi verificado em 2006, quando o porcentual de reajuste foi de 96,3% e o INPC, de 3,45%.
"A crise não afetou as negociações no ano de 2008", apontou o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira. De fato, a queda no desempenho dos entendimentos salariais, observada no primeiro semestre de 2008, foi compensada pelos resultados impulsionados pelo reajuste das categorias com data-base no segundo semestre.
"O que explica esse desempenho é a questão inflacionária", destacou Silvestre, reconhecendo, entretanto, que, no quarto trimestre, quando a crise se fez sentir mais fortemente no país, muitas categorias já tinham fechado os acordos salariais.
Ainda assim, a questão inflacionária foi preponderante para o desempenho no ano passado. "Quanto maior a inflação, menor tende a ser o ganho de salário", explicou Silvestre.
Entre as negociações que foram bem-sucedidas, 45% conseguiram porcentuais de elevações de 0,01% a 1% acima da inflação contra 39% em 2007. A parcela seguinte, que conseguiu reajuste de 1,01% a 2% superior à inflação, representou 36,9% das negociações com êxito.
O departamento chamou a atenção para a concentração das negociações bem-sucedidas que conseguiram ganhos reais entre 0,01% e 2%. Por outro lado, a entidade reconheceu que a alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 5,1% no ano passado revela que os ganhos reais dos trabalhadores estão aquém do ritmo de expansão da economia.