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Vários erros podem, sim, conduzir a grandes acertos
| Foto: Pixabay

Já sei foi o tempo em que as empresas enxergavam o erro apenas como prejuízo. Na corrida pela inovação, a Basf e o Bradesco defendem testar seus projetos no mercado antes que eles estejam totalmente prontos, corrigindo possíveis falhas no decorrer do processo. O conceito é bastante conhecido no Vale do Silício (EUA) como "fail fast, learn faster" (erre rápido, aprenda rápido).

Com mais de 150 anos no mercado, a Basf quer romper a barreira do tradicionalismo e contaminar líderes e profissionais com práticas de trabalho mais modernas. Segundo Renata Milanese, gerente sênior de go to market da empresa, a indústria alemã adota uma cultura de inovação aberta. Por meio do projeto Eureka, os profissionais podem sugerir projetos para a companhia e receber bônus caso a ideia seja, de fato, implementada.

Em 2018, o programa recebeu mais de 2 mil ideias de colaboradores no mundo todo e as sugestões selecionadas renderam à Basf uma economia de 1,72 milhão de euros. Os funcionários, por sua vez, receberam 142 mil euros de bônus.

Um dos projetos implementados no ano passado permitiu que o pó de exaustão (resíduo) da linha de produção de tinta Suvinil na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, fosse reaproveitado.

“A gente testa as ideias sabendo que vai errar, mas corrigimos as falhas e aprendemos com todo o processo. A inovação traz um pouco de caos, mas estamos aprendendo a lidar com um número cada vez maior de oportunidades”, admitiu Renata.

Em março deste ano, a Basf também lançou também um centro colaborativo de inovação em São Paulo chamado Onono — o primeiro da multinacional na América Latina. Com uma equipe de 10 pessoas, o espaço tem como proposta aproximar empresas, universidades e startups. O investimento foi de R$ 6 milhões.

Centro de inovação da Basf (Foto: Divulgação/Basf)
Centro de inovação da Basf (Foto: Divulgação/Basf)

Inovação desde os anos 40

A inovação no Bradesco, na visão de Renata Petrovic, superintendente de pesquisa e inovação do banco, começou antes da digitalização, em 1943. “Fomos o primeiro banco a colocar um gerente na porta da agência”, afirmou.

O intraempreendedorismo (quando funcionários são criam projetos na empresa) e a inovação aberta, por sua vez, foram implementados após 2012, citou a superintendente — reafirmando a importância da equipe para a inovação, de fato, acontecer. “Em 2017, lançamos um escritório em Nova York (EUA) para prospectar parcerias e estarmos conectados às últimas inovações do mundo. Também criamos uma plataforma de inovação aberta”, recordou ela, no congresso.

No InovaBra, espaço de coinovação lançado pelo banco no ano passado, 3 mil startups foram conectadas (fisicamente e pela internet), 19 delas foram contratadas e seis receberam investimento. Além disso, 41 soluções criadas no ecossistema foram prototipadas.

“Esses resultados foram fruto de um processo que demanda cultura de inovação e mudança de processo interno. Aprender com o erro é uma das novas exigências. O grande sucesso só vai acontecer não precisamos mais de uma área de pesquisa e inovação”, analisou a executiva.

Erro deve ser avaliado

Dentro do processo de inovação, no entanto, é crucial distinguir o erro bem intencionado do displicente, alertou o consultor Valter Pieracciani.

Ou seja, errar ao tentar colocar em prática uma solução em benefício da equipe e da empresa não deve ser visto como problema. O que os líderes devem avaliar é se a falha foi por proatividade ou falta de atenção.

“Para inovar é preciso aprender a conviver com os riscos. No entanto, algumas falhas devem ser colocadas em outra categoria, como as que ocorrem por descaso ou má intenção”, afirmou ele, no congresso.

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