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Patricia Mussi, diretora do Ajuda Paraná: “Além de não existir uma cultura de doação no Brasil, muitos empresários não confiam em organizações sociais”. | Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Patricia Mussi, diretora do Ajuda Paraná: “Além de não existir uma cultura de doação no Brasil, muitos empresários não confiam em organizações sociais”.| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

De um lado, muitas empresas querem investir em projetos sociais, mas não têm experiência nem sabem se podem confiar nas instituições da área. De outro, a grande maioria das organizações sociais vive na corda bamba, dependendo de um único mantenedor ou de convênios com o governo.

O objetivo do Instituto Ajuda Paraná, fundado no início deste ano, é aproximar essas duas pontas, auxiliando as empresas a doar para iniciativas confiáveis e atraindo recursos para as organizações que trabalham bem.

17,5 mil organizações

da sociedade civil estão registradas no Paraná. Cerca de 20% ficam em Curitiba.

“Além de não existir uma cultura de doação no Brasil, muitos empresários não confiam em organizações sociais. Existe a impressão de que elas são pouco transparentes e não conseguem entregar resultados. O nosso trabalho é fazer uma ponte, auxiliar nesse diálogo”, diz a advogada Patricia Mussi, diretora do Ajuda Paraná.

No momento, o Ajuda Paraná está cadastrando organizações da sociedade civil que, no futuro, poderão ser apresentadas a potenciais doadores. Cerca de 50 instituições de Curitiba e região metropolitana estão em fase de cadastramento.

O primeiro passo do cadastro é o preenchimento de um formulário no site do instituto com 70 questões sobre a história e o funcionamento da organização social que busca doações. Na sequência, o Ajuda Paraná levanta a documentação da instituição e verifica se ela tem pendências em bancos de dados de crédito, como o Serasa, ou no Tribunal de Contas. O passo seguinte é uma visita para conhecer in loco o trabalho desenvolvido.

Gestão do investimento

Para as empresas, o Ajuda Paraná oferece toda a gestão do investimento social, desde a criação do plano, com a definição da causa que será beneficiada e da organização que vai receber a doação, até a medição dos resultados. Quem vai garantir que os recursos sejam aplicados corretamente é o próprio instituto, que periodicamente vai preparar relatórios de prestação de contas financeiros e técnicos.

“A mera prestação de contas financeira, como a que é exigida pelo setor público em seus convênios, não garante que o dinheiro doado está sendo aplicado em projetos eficientes, que efetivamente deem retorno do ponto de vista social”, explica Patricia. “Traduzir em números o impacto social é um desafio, e a própria organização aprende muito nesse processo de se adequar à linguagem empresarial.”

1,43%

do lucro bruto das empresas brasileiras foi destinado a doações em 2013, segundo o último relatório do Benchmarking de Investimento Social Corporativo (BISC). Foi o maior porcentual desde 2007, pelo menos.

Patricia atua há dez anos com investimento social privado. Ela estudou modelos de captação de recursos e relacionamento com doadores nos Estados Unidos e na Espanha. De 2009 a 2013, foi superintendente do Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo, braço de investimentos sociais do banco suíço no Brasil.

A fonte de receitas do Ajuda Paraná é uma taxa de intermediação, paga pelo doador, equivalente a 15% do valor doado. “A despesa é menor do que o gasto que a empresa teria se fizesse todo o trabalho por conta própria”, diz Patricia.

O Ajuda Paraná foi qualificado pelo Ministério da Justiça como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Com isso, empresas tributadas pelo regime de lucro real que contratarem o instituto poderão abater, como despesa, doações equivalentes a até 2% de seu lucro operacional.

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