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Uma mulher demonstra uma das aplicações da tecnologia desenvolvida pela Innit, na loja Pirch, em Nova York | Victor J. Blue/Bloomberg
Uma mulher demonstra uma das aplicações da tecnologia desenvolvida pela Innit, na loja Pirch, em Nova York| Foto: Victor J. Blue/Bloomberg

A experiência é familiar para qualquer pessoa que cozinha regularmente em casa: você está no supermercado comprando ingredientes para o jantar, mas simplesmente não consegue lembrar se tem creme de leite em casa. Você finalmente se lembra de tê-lo comprado, passa direto pela prateleira e ainda se dá umas palmadinhas nas costas por economizar algum dinheiro e não contribuir para o insano desperdício de comida em nossa sociedade.

Ao chegar em casa, você descobre: sim, tem creme de leite, mas está vencido. Acho que não vai dar para fazer a deliciosa sobremesa que havia planejado.

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Mas, e se você pudesse ver o que tem na sua geladeira ainda no corredor do supermercado?

Esta é uma solução que a Innit Inc., uma empresa de tecnologia do Vale do Silício, espera dar aos ocupados cozinheiros domésticos com sua plataforma Food Connected. A tecnologia está à mostra na Pirch, uma loja de eletrodomésticos que abriu em maio, em Nova York, e incentiva os consumidores a testarem tudo que está em exposição.

Sensores são colocados em um refrigerador com a tecnologia Innit. Peça está na loja Pirch, em Nova York

Victor J. Blue/Bloomberg

Kevin Brown, diretor executivo e co-fundador da Innit, descreve o sistema como uma “camada de inteligência para os eletrodomésticos”, o que significa que alguns acessórios de cozinha selecionados já terão a tecnologia Food Connected incorporada.

Para aqueles que querem atualizar suas geladeiras e fornos ainda não conectados, há algumas opções. Mas sair de uma visita à Pirch, com sua sala de exposições de cores vivas, sem vontade de comprar um novo aparelho exige uma dose razoável de autocontrole.

O custo do hardware usado na tecnologia de nuvem da Innit – câmeras e sensores que te conectam a sua cozinha – custarão a partir de cerca de US$ 20 a US$ 30 quando a linha estiver à venda, em 2017, embora os preços finais não tenham sido oficialmente anunciados.

Quando tudo estiver instalado, basta baixar um aplicativo no iPhone ou iPad e pronto: eis uma transmissão ao vivo de dentro do sua geladeira.

Além de mostrar o que há no refrigerador, a Innit vai dizer o que se pode fazer com esses ingredientes, mergulhando em um acervo de milhares de receitas do New York Times e das revistas Bon Appétit, Good Housekeeping e Epicurious. Vai, inclusive, ajudá-lo a priorizar os itens que estão em falta, embora a empresa ainda não tenha anunciado as parcerias que oferecerão este serviço.

Uma mesa com tela sensível ao toque é integrada a outros eletrodomésticos da cozinha

Victor J. Blue/Bloomberg

A tecnologia para os fornos é capaz de “sentir” o que está dentro do eletrodoméstico e dizer como cozinhar este alimento e o tempo e a temperatura certa, apenas analisando o peso do preparo, o modelo de fogão e a altura da cozinha.

Se você quiser, pode instalar câmeras na parte de cima ou de baixo de seus armários de cozinha, de um ponto em que elas possam ver você colocar suas cenouras em uma tábua de corte. O sistema dirá se de fato são cenouras enquanto mostra um vídeo seu cortando os legumes e, ao mesmo tempo, oferece uma porção de receitas com eles.

A Innit não é a primeira empresa a tentar simplificar a cozinha usando tecnologia complicada. O refrigerador Family Hub, da Samsung Electronics Co., também mostra o que tem em seu interior, enquanto sincroniza as agendas dos membros da família e toca “suas músicas preferidas”. A panela de pressão Gourmia Robotic é apenas um dos muitos robôs de cozinha à espera de sua instrução. E a pioneira das cápsulas de café Keurig Green Mountain Inc. foi uma das primeiras a convencer as massas de que tecnologia extra era preciso para fazer café --uma das bebidas mais simples da nossa dieta moderna.

Laith Murad, diretor de marketing da Pirch, chamou a tecnologia de “empoderadora”, dizendo que ela “traz de volta as raízes das experiências de humano para humano”. (Da mesma forma, o site da Innit descreve sua missão como “empoderar a humanidade por meio dos alimentos”). Brown explicou que um cozinheiro pode convidar amigos para um jantar, reuni-los em torno de uma tela, escolher uma receita e prepará-la em conjunto, com a tecnologia servindo como “parte de conversa”, o que também poderia “tornar cozinhar divertido”.

Apesar de a Innit certamente ter grande conveniência, esperar até que seu convidado chegue para começar a fazer o jantar provavelmente fará você se sentir o oposto de empoderado, e se reunir em torno de uma tela raramente favorece a interação humana. (Se você precisa escolher receitas para começar uma conversa, talvez você deva procurar amigos mais interessantes).

Algumas pessoas podem também se perguntam se dar à nuvem, sem forma e onisciente, ainda mais informações pessoais é realmente uma boa ideia, ainda que a Innit diga que sua abordagem “será a de fornecer aos consumidores o máximo controle sobre suas informações pessoais.”

Ter milhares de receitas na ponta dos dedos soa bem, até você perceber que já tem acesso a maioria, se não todas elas, pelo Pinterest, sites ou aplicativos. E qualquer um que use a cozinha para mais do que apenas cozinhar pode se perguntar se as câmeras nos armários são realmente uma grande ideia.

Ainda assim, na atual era de compartilhamento de informações, quando acompanhar tudo, dos passos aos ciclos menstruais, é apenas parte de uma rotina diária, talvez a troca – destas preocupações por salmões assados perfeitamente sempre – valha a pena.

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