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Reinhard Rad, um dos criadores do RoCo, posa com o aparelho | Christian K. Lee/The Washington Post
Reinhard Rad, um dos criadores do RoCo, posa com o aparelho| Foto: Christian K. Lee/The Washington Post

Reinhard Radermacher tem uma visão. Um homem chega a um quarto, suado e com calor após se exercitar. De algum lugar no escuro, parado em um canto, um pequeno robô percebe a chegada e suas luzes acendem. Ele se move em direção ao dono e fala.

“ Eu vejo que você está chegando em casa depois da academia”, diz o robô, em uma voz agradável e servil. “Eu lhe darei um refrescamento máximo agora”.

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Este não é um diálogo tirado da animação da Disney “Operação Big Hero”, em que um assistente médico pessoal chamado Baymax ganha vida sempre que pressente um humano sentindo dor. Ao contrário. É algo acontecendo neste instante, na vida real, na Universidade de Maryland, onde Radermacher e uma equipe de engenheiros, pesquisadores e designers correm para desenvolver o RoCo – um ar-condicionado robô capaz de perceber quando uma pessoa está com muito calor ou muito frio e, em seguida, tomar uma ação para deixá-la mais confortável.

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O grande objetivo do projeto é algum dia dispensar a energia usada para aquecer ou resfriar um quarto, escritório ou ambiente industrial, independente se alguém estiver no local. A intenção é que RoCo, uma abreviação para Roving Comforter (Conforto Ambulante, numa tradução lateral), consiga seguir seus donos com um sistema de auto-propulsão e forneça conforto suficiente para que casas e empresas não precisem ajustar para cima seus termostatos.

Estimativas oficiais do setor elétrico apontam que 14% da energia nos Estados Unidos é usada em ar-condicionados e sistemas de aquecimento e ventilação de prédios – e, nesse caminho, muita dessa energia acaba sendo desperdiçada. Este uso contribui para quase a mesma porcentagem da emissão de gases do efeito estufa do país. Economizar apenas dois graus de energia seria uma “quantidade enorme”, igual a converter um quarto de todos os veículos nas estradas em automóveis híbridos, afirma Jennifer Gerbi, diretora do programa de Pesquisas Avançadas em Energia do Departamento de Energia dos Estados Unidos.

A equipe da Universidade de Maryland está participando de um desafio de três anos organizado por uma agência de fomento chamada Delta, que oferece suporte financeiro para projetos inovadores considerados ainda muito arriscados pelo setor privado. A competição tem por objetivo ajudar a tirar do papel ações que podem revolucionar o meio ambiente, defesa e segurança nacional.

Outras três universidades estão tocando projetos ligados à área energética e todas têm potencial para chegar ao mercado. A Universidade de Syracuse está desenvolvendo uma pequena caixa que seria colocada junto a uma mesa de trabalho ou próximo a uma cadeira em casa e funcionaria de forma similar ao Roco. A Universidade Stony Brook, de Nova York, está trabalhando em dutos especiais que sopram ar frio nas pessoas. E a Universidade da California está testando uma cadeira que aquece ou resfria seu ocupante.

“A cadeira aquece uma pequena parte de suas costas, mas seu corpo inteiro se sente aquecido”, afirma Gerbi, do Departamento de Energia. “Estes pesquisadores estão buscando formas muito inteligentes e inovadores de usar a tecnologia”, completa.

Limitações

Discussões em escritórios relacionadas à temperatura do ambiente são frequentes em todas as partes do mundo – geralmente, as mulheres reclamam de sentir frio. Os doze pesquisadores por trás do RoCo prometem enfim acabar com as brigas.

Protótipo ainda está passando por adequaçõesChristian K. Lee/The Washington Post

O objetivo da equipe é chegar a um protótipo que pode ser vendido por apenas US$ 60. Jennifer Gerbi afirma que os donos de depósitos vão adorar a ideia de diminuir custos com energia em grandes espaços com poucos funcionários. Mas ela tem dúvidas quanto à real viabilidade de um pequeno exército de robôs do tamanho do R2-D2 andando por um escritório lotado.

Mesmo assim, o Departamento de Energia forneceu cerca de US$ 2,5 milhões para a universidade trabalhar no projeto. Ao longo dos últimos sete meses, a equipe montou um pequeno compressor no protótipo. Um dos pesquisadores encontrou em uma loja online chinesa um grande bocal que foi adquirido e serve agora para direcionar o ar, enquanto três tubos são usados para armazenar e liberar o calor produzido. A base redonda vem com rodinhas.

O robô é comandado por meio de toques em um tablet com Android. Mas, embora já seja um protótipo funcional, o RoCo ainda precisa de adequações no seu design e em outros recursos. Fios aparecem por todo lugar e o aparelho não tem ainda a habilidade de falar. Além disso, ele se move com o zumbido de um carro de controle-remoto e tem uma autonomia de apenas duas horas, antes de precisar ser recarregado por outras duas horas. Ao menos, a equipe da universidade ainda tem mais dois anos para dar ao robô uma voz e um aspecto mais atrativo.

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