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| Foto: Roberto Custódio/JL

A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês) declarou na segunda-feira (6) que a fabricante de televisores inteligentes Vizio usou 11 milhões de aparelhos para espionar seus clientes. A empresa concordou em pagar US$ 2,2 milhões em um acordo com a FTC e o escritório da procuradoria-geral de Nova Jersey depois que as agências a acusaram de secretamente coletar -- e vender -- dados sobre os localização dos seus clientes, demografia e hábitos.

Com a popularização dos aparelhos “inteligentes”, clientes e advogados de consumidores têm demonstrado preocupações sobre se os dispositivos podem estar enviando informações sensíveis dos compradores para seus fabricantes. A FTC diz que o caso da Vizio mostra como uma televisão ou outro aparelho podem estar dando às empresas mais dados do que os que seus donos estão dispostos a compartilhar.

“Antes de uma empresa puxar uma cadeira do seu lado e começar anotar cuidadosamente tudo o que você assiste (e depois compartilhar isso com seus parceiros), ela deve perguntar se você concorda com isso”, escreveu Kevin McCarthy, advogado da Divisão de Privacidade e Proteção à Identidade da FTC, em um post de blog. “A Vizio não estava fazendo isso e a FTC entrou em cena”.

Como parte do acordo, a Vizio não confirmou nem negou má-fé.

“Hoje, a FTC deixou claro que todos os fabricantes de smart TV devem obter o consentimento das pessoas antes de coletar e compartilhar informações sobre o uso da televisão e a Vizio agora está liderando este caminho”, disse o conselheiro-geral da Vizio, Jerry Huang.

Embora alguns consumidores possam não reconhecer o nome Vizio, muita gente assistiu algo em uma televisão Vizio. A empresa sediada em Irvine, na Califórnia, recentemente adquirida pela empresa chinesa LeEco, é a fabricante de TVs mais popular dos Estados Unidos. Com 20% do mercado norte-americano, ela produziu cerca de 1 em 5 TVs vendidas no país em 2016.

A LeEco tem ambições amplas no espaço de consumo, com empresas que também produzem um serviço de mídia no estilo Netflix, smartphones e até mesmo carros.

De acordo com o processo, a Vizio estava literalmente assistindo a seus observadores -- capturando “informações segundo a segundo” sobre o que as pessoas visualizavam em suas TVs inteligentes. Isso inclui dados sobre televisão a cabo, banda larga, set-top boxes, DVDs e dispositivos de streaming. A Vizio também é acusada de vincular informações demográficas aos dados para vendê-las - incluindo sexo, idade e renda dos usuários - a empresas que fazem publicidade direcionada.

A Vizio disse em seu comunicado que nunca usou as informações de forma a identificar usuários individualmente, mas compilou dados agregados sobre visualização para gerar relatórios medindo audiências e comportamentos.

O Tribunal norte-americano de Nova Jersey ordenou que a Vizio pagasse US$ 1,5 milhões para a FTC e US$ 1 milhão para o escritório do procurador-geral de Nova Jersey; a Vizio não terá que pagar US$ 300.000 desse montante, a menos que viole a ordem no futuro.

A parte destinada à FTC reflete o montante que a Vizio provavelmente fez a partir da coleta e venda de informações dos clientes. A Vizio irá apagar todos os dados coletados antes de março de 2016. Ela deverá também exibir detalhes de sua coleta de dados e políticas de privacidade para os consumidores e criar um programa para certificar-se de seus parceiros sigam essas políticas.

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