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Anda incomodado por não conseguir ficar um instante sequer offline? Pois você ainda não viu nada. Em apenas dois anos, os smartphones e computadores deixarão de ser os principais aparelhos conectados em sua casa ou escritório. Estudo da Ericsson divulgado mês passado mostra que, em 2018, a quantidade de dispositivos integrados à chamada “Internet das Coisas” (IoT, da sigla em inglês) vai ultrapassar o de celulares e chegar à marca de quase 16 bilhões no mundo todo até 2021.

Confira o número de aparelhos conectados por tipo hoje e daqui cinco anos

Casa conectada é alvo de gigantes da tecnologia

Estudo do Fórum Econômico Mundial formulado por meio de consulta com mais de 800 especialistas, divulgado no fim do ano passado, prevê que, em 2024, mais de 50% do tráfego de internet nas casas será direcionado para atender somente dispositivos conectados como geladeiras, termostatos, lâmpadas e câmeras de vigilância. Não à toa, o nicho de smart homes (casas inteligentes, numa tradução lateral) tem sido alvo de gigantes da tecnologia como Amazon e Google, que já desenvolveram seus próprios assistentes virtuais domésticos.

O “boom” desses dispositivos conectados, que incluem desde sensores em aparelhos domésticos, postes de luz e prédios até automóveis, freezers e robôs industriais, surge desde já como uma oportunidade de ouro para empresas de hardware e software, responsáveis por transformar a maneira como interagimos hoje com o mundo à nossa volta. O valor das cifras envolvidas dá noção do tamanho dessa revolução: a consultoria IDC estima que o mercado mundial de Internet das Coisas cresça a uma taxa anual de 17% nos próximos anos, saindo de um faturamento de US$ 698,6 bilhões em 2015 para US$ 1,3 trilhão em 2019. Apesar da Ásia concentrar 40% deste mercado, a América Latina será a região em que o crescimento será mais acelerado nos próximos quatro anos, com uma taxa anual prevista em 26,5%.

O potencial da IoT para incrementar por aqui a produtividade das empresas e o faturamento das que fornecem as soluções motivou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a lançar em março uma chamada pública para buscar interessados em fazer estudos técnicos sobre o setor, que embasarão políticas públicas. Há paranaenses entre os candidados a se debruçar sobre o tema: um consórcio formado pelo Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP), iCities, Universidade Positivo e Universidade de São Paulo (USP) defendeu o projeto junto ao banco mês passado e agora aguarda a decisão final, em meio a concorrentes como a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Unicamp.

“A participação de empresas menores, como startups, é fundamental nesse processo, de consolidação da Internet das Coisas. Isto, seja no âmbito da tecnologia propriamente dita, como a criação dos sensores, ou na parte de software, que é o serviço dentro dessa camada de instrumentação. Há oportunidade para todo mundo nesse ambiente”, reforça o diretor-presidente do IBQP, Sandro Vieira.

Startup de curitibanos leva câmeras inteligentes para o varejo

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Informação em tempo real

Conforme o estudo da IDC, as principais oportunidades em IoT na América Latina surgirão nas áreas de manutenção e monitoramento de objetos e unidades industriais – onde os sensores podem medir, gravar e transmitir automaticamente em tempo real dados sobre essas estruturas. As aplicações da tecnologia, porém, são tão diversas quanto o número de dispositivos. A curitibana Cinq Technologies, por exemplo, desenvolveu uma solução de gerenciamento de beacons (sensores que emitem informações por bluetooth) que hoje é utilizada no aeroporto de Miami. O sistema permite que o passageiro receba notificações no celular com informações sobre diversos pontos do aeroporto, assim que passa por eles.

“As empresas começam a entender que tudo que é mensurável por meio desses sensores, seja linhas de produção ou turbinas de avião, pode ser melhorado. Uma grande oportunidade é oferecer esse tipo de solução, em que é preciso ter competência em análise de dados, otimização operacional, algoritmos analíticos e sensoriamento. Daqui em diante, quem se especializar nisso vai garantir bons negócios”, aposta o diretor de marketing da Ericsson na América Latina, Jesper Rhode.

Setor público também se beneficiará do “boom”

Estudo da Cisco prevê que a “Internet das Coisas” poderá gerar para os governos no mundo todo ganhos superiores a US$ 4 trilhões até 2022, por meio de economia de custos e novas receitas. O Brasil está na lista dos países que mais serão impactados pela tecnologia – por aqui, os ganhos devem ser de US$ 70,3 bilhões nos próximos seis anos. Já nos Estados Unidos, líder no ranking da Cisco, a cifra deve chegar a US$ 585,5 bilhões.

Egresso da Bematech, empreendedor quer alcançar sucesso com IoT

A paranaense Bematech, comprada ano passado pela TOTVS, é uma das inspirações do engenheiro Marcelino Canelada, co-fundador da Invento IoT. O empreendedor chegou a trabalhar por três anos na área de desenvolvimento da Bematech, período em que começou a amadurecer a ideia de montar o próprio negócio, na área de automação para o varejo.

O engenheiro chegou a criar uma empresa de desenvolvimento de produtos em Fortaleza, após se mudar para a capital do Ceará com a família, mas decidiu voltar a Curitiba para apostar na sua ideia inicial. O esforço valeu a pena e a Invento acabou sendo selecionada, no início deste ano, para ingressar na Incubadora Tecnológica do Tecpar (Intec).

A solução desenvolvida por Canelada usa as tecnologias NFC e QRCode, acessíveis por meio de celulares, para aproximar a experiência de compra no varejo físico daquela vivida no e-commerce. Para isso, a Invento instala sistemas de leitura na loja que permitem ao usuário interagir com os produtos – o cliente aproxima o celular de um vinho, por exemplo, e recebe informações detalhadas sobre o produto, como procedência, produtos semelhantes e até vídeos e avaliações de outros consumidores.

A empresa já faz testes em lojas de Curitiba e está em negociações avançadas para implantar o sistema em varejistas de diferentes setores, como uma loja de artigos de jardinagem e uma rede de cosméticos. O modelo de negócio é baseado na cobrança de uma mensalidade pela manutenção e funcionamento do sistema. “Esses recursos trazem benefícios que melhoram a experiência e a satisfação do consumidor, além de converter mais vendas. É a experiência que se tem na loja online, mas dentro da loja física”, resume Canelada.

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