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Rio de Janeiro – O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Nunes, admitiu ontem que a divulgação para órgãos executivos do governo, com antecedência de 24 horas, de índices de acompanhamento da conjuntura econômica, como inflação e produção industrial, não é "adequada". "Não achamos adequado tanto intervalo de tempo entre a hora da divulgação e a precedência do envio ao Ministério", afirmou, em entrevista convocada para comentar os rumores sobre o vazamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Na quarta-feira, no dia oficial de anúncio da taxa – usada para fixar as metas oficiais de inflação do governo – foram intensos os rumores no mercado sobre um eventual uso de informação privilegiada em negociações no mercado futuro de juros. No dia anterior, o volume de negócios foi atípico e, no dia da divulgação, três minutos antes do anúncio oficial do IBGE, operadores da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), em São Paulo, gritavam "Dezoito! Dezoito". O resultado do IPCA, revelado no momento seguinte, no Rio, foi 0,18%, abaixo do piso das expectativas.

Sustentando que não tem intenção de fazer uma "caça às bruxas", Nunes, bastante irritado, afastou a possibilidade de que o suposto vazamento possa ter ocorrido no próprio IBGE. "Uma possível investigação judicial não será originada de dentro para fora, e sim de fora para dentro", disse, revelando que a primeira providência será interpelar judicialmente o jornal "O Estado de S.Paulo" (que adiantou o assunto), para identificar quem fez a denúncia sobre desvio de informações 48 horas antes do prazo. O sigilo da fonte de informação é garantido pela Lei de Imprensa.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula e fiscaliza o mercado de capitais, investigará a suspeita de uso de informação privilegiada do índice de inflação, informou o superintendente de Relações com o Mercado, Waldyr de Jesus Nobre. "Vamos fazer a investigação, não há dúvidas", declarou, frisando que a apuração deverá extrapolar a barreira dos contratos indexados ao IPCA na BM&F para atingir todos os papéis relacionados ao índice de inflação, seguindo metodologia semelhante à usada em casos de denúncia de "insider information" (vazamento de informações de empresas).

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