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Saídas diminuem, mas saldo do investimento estrangeiro no Brasil continua em queda
| Foto: Marcelo Andrade/Arquivo/Gazeta do Povo

As saídas de dinheiro estrangeiro diminuíram em setembro, mas a contínua queda dos ingressos manteve em baixa o saldo do Investimento Direto no País (IDP). Os dados mais atualizados do indicador, que mostra quanto as empresas de fora estão aplicando na "economia real" brasileira, foram divulgados nesta sexta-feira (23) pelo Banco Central.

Em setembro, as saídas totalizaram US$ 6 bilhões, com redução de 16% em relação a agosto e de 26% sobre setembro do ano passado. As saídas de capital produtivo ocorrem, por exemplo, quando subsidiárias no Brasil remetem dinheiro às matrizes no exterior. Uma redução nesse fluxo, portanto, em geral é positiva para o país.

O problema é que as entradas de IDP – compras de participação em empresas brasileiras e empréstimos feitos por multinacionais a suas filiais no Brasil, entre outras operações – também caíram. Elas somaram US$ 7,6 bilhões em setembro, 12% abaixo das registradas em agosto e 46% a menos que em igual período de 2019. É menos dinheiro destinado, por exemplo, à expansão de instalações e ao desenvolvimento de produtos em território brasileiro, o que tende a limitar o potencial de crescimento da economia no futuro.

No balanço entre ingressos e saídas, o saldo de IDP foi de apenas US$ 1,6 bilhão no mês. Embora superior ao de agosto (US$ 1,4 bilhão), o número representa uma queda de 74% na comparação com setembro do ano passado. Foi também o pior resultado para o nono mês do ano desde 2005.

Números de longo prazo do investimento estrangeiro também são ruins

Os resultados acumulados, que mostram a tendência de longo prazo do investimento produtivo, também são ruins.

As saídas de IDP chegaram a US$ 58 bilhões nos nove primeiros meses do ano, 2% menos que em igual intervalo de 2019, mas ainda assim o segundo pior número da série histórica do BC, iniciada em 1995.

Enquanto isso, os ingressos, de US$ 86,6 bilhões entre janeiro e setembro, foram os mais baixos para o período em quatro anos, com queda de 22% sobre 2019.

A combinação desses dois movimentos gerou uma queda de 45% no saldo do IDP, que ficou em US$ 28,6 bilhões no acumulado do ano – o valor mais baixo para o intervalo janeiro-setembro desde 2009.

No mês passado, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, no discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, que o investimento estrangeiro estava aumentando no Brasil. No entanto, àquela altura os resultados já eram os piores em 11 anos.

No intervalo de 12 meses encerrado em setembro, o saldo do investimento estrangeiro direto foi de US$ 50 bilhões. Em valores absolutos, trata-se do menor fluxo anual de IDP desde julho de 2010.

Em termos relativos, a situação é um pouco melhor. O acumulado de 12 meses até setembro equivale a 3,31% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, pelos cálculos do BC. Nessa comparação, o atual patamar do IDP é o mais baixo desde junho de 2018. De lá para cá, o maior índice foi registrado em maio de 2019, quando o saldo em 12 meses correspondeu a 4,45% do PIB.

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