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Alemã Evonik vai manter investimentos previstos para o país | Divulgação
Alemã Evonik vai manter investimentos previstos para o país| Foto: Divulgação

Liderança

Setor de serviços lidera atração de capital externo no país

Um setor em especial vem se destacando entre os investimentos diretos: o de serviços. A participação do capital externo nesse setor em relação ao total de IEDs no ano passado foi de 48,4%. Até outubro deste ano, os serviços foram responsáveis por 62,7%, ou cerca de US$ 27,92 bilhões. Por outro lado, os investimentos em indústria e agricultura e pecuária sofreram uma queda em relação ao total de capital estrangeiro no Brasil.

O cônsul honorário da Alemanha em Curitiba, Andreas Hoffrichter, acredita que os investimentos nessa área trazem um nível de segurança maior em um momento difícil para a economia. "Os investimentos em serviços são menos arriscados, porque comparado com a indústria você tem risco menor e taxas de retorno maiores e mais rápidas", afirma.

Para o professor do ISAE/FGV, Carlos Ercolin, o crescimento da participação dos serviços é benéfico, já que o país ficaria menos dependente da venda de commodities para a China, por exemplo. "É difícil dizer se isso veio ficar, pois a comparação é de apenas um ano em relação ao outro, mas à medida que isso vá se firmando, o país pode atrair mais inovação e investimentos", afirma.

Aposta

Multinacional alemã mantém plano de investir no Brasil

A alemã Evonik é um exemplo de empresa que continua apostando em investimentos no país. Especializada na fabricação de especialidades químicas, a multinacional inaugurou, em outubro deste ano, uma fábrica para a produção de ingredientes para cosméticos. Para os próximos dois anos, estão previstas mais duas fábricas, uma Castro, no Paraná, e outra em Americana, no interior de São Paulo, voltadas para a produção de um aminoácido para nutrição animal e para a fabricação de sílicas, que oferece qualidade a pneus de baixa resistência.

Para o presidente da empresa na América Latina, Weber Porto, o Brasil ainda apresenta um mercado de grande potencial. "Nós não pensamos a curto prazo e nossos projetos não se limitam a períodos de crise. Apesar do mau momento, acreditamos que o Brasil retomará o crescimento a longo prazo", afirma. Segundo ele, o Brasil continua se destacando em diversos setores nos quais a empresa atua, como o agronegócio, o setor de cosméticos e o automobilístico, que tem o 4º maior mercado consumidor do mundo.

Apesar do momento conturbado da economia brasileira, um índice vem se destacando positivamente. Os investimentos estrangeiros diretos (IEDs) no Brasil chegaram a US$ 51,1 bilhões entre janeiro outubro deste ano, o equivalente a 2,71% do PIB, superando o montante acumulado no mesmo período do ano passado – US$ 49,1 bilhões.

Nos últimos 12 meses encerrados em outubro, os IEDs somam US$ 66 bilhões, pouco abaixo do resultado de 2011, quando o fluxo de investimentos estranheiros atingiu a marca histórica de US$ 67 bilhões. A previsão do Banco Central é fechar o ano com US$ 63 bilhões em IEDs.

INFOGRÁFICO: Investimento estrangeiro segue crescendo no país

Para especialistas, diversos fatores contribuem para esse cenário. De acordo com a economista do Banco Itaú, Julia Gottlieb, o Brasil ainda atrai muitos investimentos em comparação a outras economias emergentes. "Nós temos um ambiente de negociação favorável e democrático, que possui instituições fortes e um bom mercado", explica. O professor do Instituto Superior de Administração e Economia ISAE/FGV, Carlos Ercolin, destaca que o investidor interno possui um pessimismo maior do que o estrangeiro. "Quem vem de fora olha o mundo como um todo e busca investir em um país que ofereça boas oportunidades, mesmo com um risco maior", analisa.

O alto fluxo de IEDs também pode ser explicado pela característica desse tipo de investimento. "Os mercados investidores que envolvem a instalação de fábricas e empresas têm um fluxo de longo prazo. Você mantém os projetos para ter um retorno lá na frente", explica o economista e diretor-presidente da Sobeet, Luis Afonso Lima. Por não possuírem um retorno imediato, esses investimentos tendem a ser mais resistentes a crises financeiras pontuais. Após as eleições, por exemplo, muitas ações se desvalorizaram, o que pode sinalizar oportunidades de investimentos no longo prazo.

Reforma econômica

Apesar dos bons índices dos IEDs, especialistas alertam que a nova equipe econômica do governo federal precisa trabalhar para reverter o cenário econômico adverso. Segundo eles, se uma reforma não for colocada em prática, os investimentos futuros podem estar em risco. "Os investimentos acontecem a longo prazo e se esse atual cenário econômico persistir eles podem não se sustentar lá na frente. Por isso, os ajustes econômicos são muito importantes", explica Julia.

O professor Ercolin destaca que o país deve cuidar com a classificação das agências de risco, determinantes para os investimentos.Em março, o Brasil teve sua nota rebaixada pela Standard & Poor’s, mas ainda se manteve na classificação dos mercados seguros para investir. Um novo rebaixamento traria prejuízos para o país. "A nova equipe econômica deve agir rapidamente e fazer uma reforma, não apenas para manter, mas também para aumentar os investimentos maduros e estáveis e afastar a especulação", analisa.

Investimento externo em carteira sobe e supera o direto

Realizados diretamente no mercado financeiro a partir da compra de ações e títulos de renda fixa, os investimentos estrangeiros em carteira (IECs) somaram US$ 5,2 bilhões no mês de outubro, superando o resultado dos investimentos estrangeiros diretos ( IEDs), que foram de US$ 4,9 bilhões no período. No acumulado do ano, os investimentos em carteira foram de US$ 43,09 bilhões, quase 18% maior que o índice do mesmo período de 2013.

Os IECs são constituídos quando os investidores possuem menos de 10% das ações da empresa. A menor participação representaria um investimento a curto prazo, mais adequado a um momento de instabilidade econômica. Para Gabriel Rico, CEO da Câmara Americana de Comércio (Amcham), a opção por investimentos menos arriscados têm sido um comportamento comum. "Ao invés de fazer grandes investimentos em poucas empresas, os investidores estão preferindo diluir seu dinheiro em mais empresas, apesar da menor participação", afirma.

Segundo o cônsul honorário da Alemanha em Curitiba, Andreas Hoffrichter, após um período de grande aquecimento do mercado, o país acumulou, nos últimos dois anos, mais investimentos em operações financeiras do que em atividades produtivas, que seriam de maior risco. "São investimentos decorrentes da possibilidade de se obter um ganho financeiro no Brasil, aproveitando que a taxa de juros no Brasil é uma das maiores do mundo, enquanto na Europa essa taxa está próxima de zero", explica.

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